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Clássico da semana: Citroën 2CV, o indestrutível “Deux Chevaux”

Você sabe: no início do período pós-2ª Guerra Mundial, praticamente toda a Europa (incluindo a França) estava em sérias dificuldades econômicas e em fase de reconstrução. Os interiores franceses, especificamente, as pequenas cidades do campo ligadas à agropecuária, viveram nessa época uma fase de pujança e muito entusiasmo de trabalho.

Ideia certa no instante exato >> Num momento de alto racionamento de combustível e, como dito, de pouco dinheiro em caixa, talvez a ideia mais interessante em termos de mobilidade humana naquele instante tenha sido o Citroën 2CV, logo apelidado carinhosamente pelos franceses de “Deux Chevaux” (dois cavalos) em referência à sua diminuta potência de exatos 2 hp. O minúsculo automóvel de dois lugares e motor de 2 cilindros, deslocava apenas 375 cilindradas, ou seja, sua unidade tinha – apenas – “0,4 litro”.

Sucesso absoluto >> Com uma simplicidade impressionante, o projeto desse simpático carrinho fez tanto sucesso, que a sua fabricação durou de 1948 até 1990, seguindo praticamente as mesmas características construtivas. Ao longo desse tempo, seis fábricas da Citroën em países diferentes construíram a significativa marca de 3,2 milhões de unidades, dentre as quais, 1,2 milhão na versão picape.

Receita e valentia >> O Citroën 2CV tinha propulsor refrigerado a ar, suspensão ajustável e teto com capota de lona reversível para a parte traseira. O interior era todo em aço, plástico e tecido e a mobilidade da capota servia justamente para dar espaço às cargas mais complicadas, já que o veículo era amplamente utilizado em ambientes rurais com as mais diversas “mercadorias” transportadas a bordo, inclusive animais! O veículo era apropriado para transportar duas pessoas de porte grande e mais 100 quilos extras, no entanto, sabe-se que esse número sempre era excedido, pois o 2CV encarava desafios inimagináveis, como andar em terrenos arados e enlameados, percorrendo quase sempre estradas de terra em péssimas condições. Além de servir muito ao campo, por ser barato, de baixíssima manutenção e econômico, esse Citroën tornou-se o carro preferido dos estudantes franceses durante décadas.

Curiosidades >> Bem pensado em termos de engenharia (e seguindo a tradição de alta estabilidade da marca Citroën), o 2CV possuía incrível habilidade para fazer curvas, nada muito perigoso para quem só atingia 64 km/h de velocidade máxima…

Diz a lenda que a sua suspensão extremamente macia era necessária e adequada para o transporte de ovos, pois, apesar dos buracos, cargas frágeis desse tipo não sofriam danos. A fila de espera por um modelo desses chegou a durar 5 anos, o que gerou a cobrança de ágio por intermediadores. Hoje em dia não é difícil encontrar uma peça dessas rodando em perfeito estado de conservação. Na Argentina, por exemplo, já encontrei vários. O 2CV é ótimo carro para se divertir e colecionar, dada a baixa manutenção e a relativa facilidade de encontrar peças de reposição. Nas fotos, três fases distintas: esse abaixo (em preto e branco) é o primeiro, construído no fim dos anos ´40. O de carroceria branca é dos anos ´60 e os carros amarelos pertencem à uma série especial de 1979.