Desde 2010

buru-rodas

Ford encerrará negócio de caminhões na América do Sul

Uma notícia que causou surpresa para muitos, mas que já era previsível para alguns poucos jornalistas bem informados do Brasil, em especial, o veterano (e infelizmente falecido no ano passado…) José Roberto Nasser, que cravou – muito antecipadamente em furo mundial na sua renomada coluna “De carro por aí” – essa mesma notícia divulgada nesta terça-feira (19/2) pela Ford. Mais ou menos em 2016, pessoalmente, Nasser me falou diversas vezes que a Ford já enfrentava problemas seríssimos, e que o imbróglio envolvia basicamente três fatores: 1) Perda de lucratividade oriunda da demora na renovação do seu portfólio de produtos, incluindo carros de passeio e caminhões; 2) Ausência de mais opções no (altamente procurado) segmento de SUVs, em especial pela insistência em não mudar radicalmente o já cansado EcoSport ou até substituí-lo; e 3) Não aceitação (por parte dos herdeiros de Henry Ford, ainda mandatários da companhia) de uma operação deficitária na América do Sul, com prejuízo médio diário de 1,3 milhão de dólares. Esses foram os números e dados que o competente jornalista Roberto Nasser compartilhou comigo e com milhares de leitores naquela época. Suas colunas sobre esse tema foram publicadas aqui no site e em todas as mídias aonde ele escrevia. No geral, o fechamento da gigante fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) é uma nota triste na sinfonia do mundo corporativo, principalmente pelos empregos que serão extintos. É ruim para o comércio, péssimo para a economia nacional, e consequentemente, nocivo para o Brasil. Particularmente, lamento muito. A seguir, na íntegra, a nota que a Ford Motor Company, por intermédio da sua filial no Brasil, enviou à imprensa.

::::

FORD DEIXA DE ATUAR NO SEGMENTO DE CAMINHÕES NA AMÉRICA DO SUL COMO UM MARCO NA REFORMULAÇÃO GLOBAL DO NEGÓCIO DA COMPANHIA

A Ford anuncia a sua saída do mercado de caminhões como um importante marco para o retorno à lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul.

A empresa está comprometida com a América do Sul e com um modelo de negócios ágil, compacto e eficiente, fortalecendo sua oferta de produtos e parcerias globais.

A Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 460 milhões em despesas não recorrentes como consequência dessa ação.

A produção na planta de São Bernardo do Campo (SP) será encerrada ao longo de 2019.

São Bernardo do Campo, São Paulo, 19 de fevereiro de 2019 – Como parte da ampla reestruturação de seu negócio global, a Ford Motor Company anuncia que deixará de atuar no segmento de caminhões na América do Sul. Como consequência, a empresa encerrará as operações de manufatura na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) ao longo de 2019 e deixará de comercializar as linhas Cargo, F-4000, F-350 e Fiesta assim que terminarem os estoques.

“A Ford está comprometida com a América do Sul por meio da construção de um negócio rentável e sustentável, fortalecendo a oferta de produtos, criando experiências positivas para nossos consumidores e atuando com um modelo de negócios mais ágil, compacto e eficiente”, disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul.

A decisão de deixar o mercado de caminhões foi tomada após vários meses de busca por alternativas, que incluíram a possibilidade de parcerias e venda da operação. A manutenção do negócio teria exigido um volume expressivo de investimentos para atender às necessidades do mercado e aos crescentes custos com itens regulatórios sem, no entanto, apresentar um caminho viável para um negócio lucrativo e sustentável. “Sabemos que essa decisão terá um impacto significativo sobre os nossos funcionários de São Bernardo do Campo e, por isso, trabalharemos com todos os nossos parceiros nos próximos passos”, disse Watters. “Atuando em conjunto com concessionários e fornecedores, a Ford manterá o apoio integral aos consumidores no que se refere a garantias, peças e assistência técnica”.

Essa decisão se alia a outras iniciativas recentes que fazem parte da reestruturação em andamento na Ford América do Sul e incluem: Redução em mais de 20% dos custos referentes ao quadro de funcionários e à estrutura administrativa em toda a região; Fortalecimento da linha de produtos, com ênfase em SUVs e picapes, cuja preferência tem crescido entre os consumidores, e encerramento da produção do Focus na Argentina; Expansão das parcerias globais, como a recente aliança com a Volkswagen para desenvolver picapes de médio porte.

Em decorrência desse anúncio, a Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 460 milhões em despesas não recorrentes. Cerca de US$ 100 milhões serão relacionados à depreciação acelerada e amortização de ativos fixos. Os valores remanescentes de aproximadamente US$ 360 milhões impactarão diretamente o caixa e estão, em sua maioria, relacionados a compensações de funcionários, concessionários e fornecedores. A maior parte dessas despesas não recorrentes será registrada em 2019 e é parte integrante dos US$ 11 bilhões em despesas, com efeito no caixa de US$ 7 bilhões, que a companhia prevê utilizar para a reestruturação dos seus negócios globais.

Sobre a Ford Motor Company >> A Ford Motor Company é uma empresa global com sede em Dearborn, Michigan, EUA. A empresa projeta, fabrica, comercializa e presta serviços de pós-venda a uma linha completa de carros, picapes, SUVs, veículos eletrificados e veículos de luxo da Lincoln, fornece serviços financeiros por meio da Ford Motor Credit Company e busca posições de liderança em eletrificação, veículos autônomos e soluções de mobilidade. A Ford emprega aproximadamente 199.000 pessoas em todo o mundo. Para obter mais informações sobre a Ford, seus produtos e a Ford Motor Credit Company, acesse www.corporate.ford.com (Fotos: divulgação Ford +Google free / Instagram: @acelerandoporai)