Demorou, mas aconteceu. Há décadas que a indústria automotiva chinesa vem incrementando suas atividades com um foco especial: ganhar espaço principalmente nos mercados em ascensão, caso do Brasil. Marcas que você talvez nunca tenha ouvido falar, como Dono Feng, Chana, Faw, Foton e Byd, juntamente com outras mais famosas, como Chery e a própria JAC Motors (estas duas últimas, qualificadas entre as cinco melhores da China) produzem anualmente uma quantidade inacreditável de carros, motos, caminhões e até veículos de Guerra para o famoso “Exército Vermelho” e também para exportação.
Atualmente existem montadoras chinesas bastante despreocupadas com a qualidade de seus produtos e isso não se refere apenas aos veículos. Cá entre nós: quem não se arrependeu de – após seduzido pelo preço -, ter comprado um produto chinês de péssima qualidade? Eu, por exemplo, me dei mal com uma (linda, mas ordinária) faca de cozinha e com um espremedor de alho que não funcionam…
Evolução >> Mas as coisas mudaram pra melhor, caso da JAC Motors, marca chinesa que iniciará oficialmente suas atividades no Brasil amanhã (18/3), com a abertura de 46 concessionárias em quase todas as capitais do país e vários pontos de venda espalhados pelo Brasil.
O Chamado “Dia J” será o ´start´ de uma corajosa e bem pensada empreitada capitaneada pelo empresário Sérgio Habib (ex-presidente da Citroën do Brasil) e Presidente da JAC Motors Brasil, que investiu R$ 380 milhões na implantação da marca em território nacional. Experiente no ramo, Habib escolheu a JAC Motors pela seriedade da empresa e pela flexibilidade da mesma em entender que, para serem vendidos aqui, os veículos teriam que passar por uma série de adaptações. Os importados da JAC aportarão com 242 modificações feitas para agradar ao (hoje exigente) consumidor brasileiro.
Modelos >> Serão estes os modelos revendidos no nosso mercado: J2 (um micro hatch – concorrente direto do Kia Picanto e Ford KA -, que ainda não tem previsão de chegada), J3 e J3 Turin (compactos hatch e sedã, respectivamente, que já estão à venda e concorrerão principalmente com VWs Gol, Voyage e Fox, Ford Fiesta, Renault Sandero e Chevrolet Agile), J5 (sedã médio, com chegada para setembro deste ano e que vai brigar com Kia Cerato, Focus sedã, VW Polo sedã, etc..) e J6 (van familiar de 7 lugares, que só aportará por aqui em junho).
Surpresa >> A empresa colocou para teste à disposição dos jornalistas especializados, as duas versões do J3: o hatch e o Turin (mesmo carro com carroceria sedã). Como já citei acima… esqueça uma faca que não corta e uma chave de fenda que quebra o bico. Os carros da JAC rodaram mais de 2 milhões de quilômetros em testes exaustivos para poder chegar ao Brasil.
Após 242 mudanças (adequações técnicas e alterações específicas), a JAC Motors trouxe um produto bem acabado e que até suplanta em conteúdo a concorrência local no que se refere a itens de série. Completíssima, a linha J3 já vem com tudo de fábrica e só tem um opcional que é a pintura metálica, que custa R$ 990. Os preços estão abaixo da média do que se pode comprar no Brasil com o pacote ofertado. A marca sugere os seguintes valores (base SP, sem frete): J3 (R$ 37.900) e J3 Turin (R$ 39.900).
Performance >> Equipado com motor 1.4 (4 cilindros a gasolina, 16 válvulas, 108cv de potência, 14,1 kgf.m de torque e bloco em alumínio), o J3 anda bem e surpreende pela boa desenvoltura. Silencioso, com suspensão confortável e comunicativa, foi o primeiro carro chinês que me causou boa impressão. Oferece pacote de série que nos outros (nossos nacionais) geralmente são opcionais. Ele vem de fábrica com Airbag duplo, freios ABS + EBD (geração 8.1 da Bosch), ar-condicionado, direção hidráulica, sensor de ré, vidros elétricos nas 4 portas, rodas aro 15, travas e retrovisores elétricos e som com MP3 e portinha USB.
O JAC J3 é respeitável e tem acabamento interno bem melhor do que muitos dos carros que o mercado doméstico brasileiro está acostumado a comprar. Painel e forros de porta, por exemplo, têm encaixes precisos e material de boa qualidade. Mesmo caso da forração dos bancos: confortável e agradável ao toque. Trunfo maior que certamente atrairá muitas vendas: vem com 6 anos de garantia, obviamente, condicionados às revisões periódicas serem feitas nas concessionárias da marca.
Na apresentação, Sérgio Habib divulgou que os preços das revisões e trocas de peças serão os mais baratos do mercado, assim como o seguro (médio) de um modelo como o J3, que custará por volta de R$ 1.000. Outro detalhe que deve chamar atenção: vários componentes dos carros da JAC foram desenvolvidos e são fornecidos por gigantes globais do setor. Bosch, Johnson Control, Visteon, Continental e Delphi são alguns deles.
Confesso que não sou lá muito fã de produto chinês, mas foi a primeira vez que tive uma boa impressão de um deles. Em duelo promovido pela renomada revista “4 Rodas”, o J3 encarou os tradicionais GM Agile, VW Fox, Ford Fiesta e Renault Sandero. Ficou em segundo lugar, perdendo apenas para o hatch da Renault. O resultado pode não representar qualquer análise de carisma, até pelo fato de o modelo chinês ainda ser desconhecido no nosso mercado, mas traça um novo perfil de realidade com um produto ousado, com preço interessante e que se equipara em qualidade aos concorrentes conhecidos. Em Alagoas os veículos serão revendidos pela JAC Motors Maceió, do veterano empresário Paulo Patury Accioly, experiente no setor e também representante da marca Citroën para Alagoas. I FA
