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Novo Palio 1.6 X Palio 1.8R: quem vence o duelo?

Frente do Novo Palio (à esq.) ganhou “bigodinho” parecido com o do Fiat 500
Frente do Novo Palio (à esq.) ganhou “bigodinho” parecido com o do Fiat 500

Antes da sua última grande mudança ocorrida no final de 2011, o Palio encontrava-se já com design cansado e com vendas em queda, mesmo assim, este ótimo compacto da Fiat ainda estava em 6º lugar entre os mais vendidos no país.

Após as alterações (que consumiram R$ 1 Bilhão dos cofres da empresa italiana) o Palio rejuvenesceu vindo de um novíssimo projeto que adicionou mais de 3.000 novos componentes ao carro. Capa do nosso semanário em novembro do ano passado, ele agora volta com um desafio: enfrentar o veterano (e equilibrado) Palio 1.8 R (ano 2007/08), um dos bons esportivos que a Fiat produziu. Para o confronto utilizamos um Palio Essence 1.6 16V (ano/modelo 2012), cedido pela Fiat Automóveis com apenas 850 quilômetros rodados e, para que o resultado fosse o mais isento possível, convidamos o leitor-amigo, Demóstenes Silveira, empresário do ramo de transportes, ex-piloto de enduro e comumente colaborador da Gazeta Auto em assuntos técnicos. Quem você acha que venceu?

Histórico do modelo mais antigo

Se você tem boa memória, irá lembrar-se do 147 Rally, Uno R, Uno Turbo, Tempra Turbo, etc…, apenas alguns modelos caracterizados por detalhes estéticos e/ou mecânicos esportivos e vendidos aqui no Brasil. O Palio 1.8R até hoje é reverenciado pelos seus proprietários pelo bom acerto mecânico que possui. Não há muito mistério nesse modelo, mas a excelente mão da Fiat (na época da Joint Venture com a GM) criou um acerto híbrido que é um dos mais interessantes. O semi-pacato Palio R vinha com o motor 1.8 da GM denominado de “Família 1”. Sua potência máxima (quando abastecido com álcool) era de 115 cv e o torque, pouco mais de 18 kgf.m. A melhor coisa que há nesse modelo é a sua relação curta de marchas que, casada com a evidente disposição (do motor de 8 válvulas) nas baixas rotações é transformada numa agradabilíssima mobilidade sem trancos em todos os níveis de condução. O Palio 1.8 R não protesta pedindo marchas mais curtas mesmo quando está com a 5ª engatada em baixa velocidade.

Cheio de ginga, esse modelo vinha em cores aberrantes (vermelho, amarelo…) com detalhes de costura de volante em vermelho, cintos de segurança (também em vermelho), pedais esportivos e bom nível de acabamento. Há até alguns itens como sistema de freios ABS, que era opcional na época. No geral, apesar de ser um modelo bem comum, é carro espetacular para se andar tanto no trânsito travado quanto em estradas.

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Nova receita

Na primeira vez que guiei o Novo Palio (2012), tive uma má impressão de perda de qualidade e conteúdo, chegando a compará-lo com o novo Uno. Por compartilhar a plataforma, eles se parecem, sim, mas, reviso a opinião: após vários dias de test-drive (com análise mais cuidadosa), achei o carro mais interessante. O modelo experimentado foi o “Essence 1.6 16V” com 117 cv de potência e 16,8 kgf.m de torque. Bem completinho (com airbag duplo, freios ABS, som, rodas de liga com aro 15…), o compacto oferece ótima dirigibilidade urbana, mas, o tal motor Fiat-BMW-FPT (de 16 válvulas) é notadamente lento em retomadas de baixa velocidade, condição em que andamos quase 100% do tempo na cidade. Projeto bem feito, esse propulsor só se torna agradável quando está de ´pulmões cheios´, ou seja, no dia a dia ele exige mais reduções de marchas, ao contrário do impávido Palio 1.8R, que simplesmente não reclama e segue tranqüilo em qualquer regime de rotação.

Duelo

Na pista, alguns resultados esperados: em retomadas de baixa velocidade o Palio 1.8R ficou na frente. Quanto mais longa a marcha, maior a vantagem. Já nas arrancadas e retomadas mais curtas (em 1ª e 2ª marchas), o irmão mais novo deu o troco. Em puxadas mais ariscas, apesar de ter apenas 2 hp a mais, o Novo Palio vence, mas não o faz com tanta folga. Demóstenes Silveira cita suas impressões: “Apesar da diferença de idade e de projetos distintos, os dois carros oferecem sensações parecidas, mas, na minha opinião, o Novo Palio vence por oferecer mais segurança e uma dinâmica de condução um pouquinho mais interessante e leve. O motor 1.6 de 16 válvulas é mais lento nas baixas rotações, mas torna-se compensatoriamente mais agradável quando está com os pulmões cheios. Acho que merece o 1º lugar”.

Minha paixão particular pela linha “R” da Fiat empata o desafio: o Palio R (apesar de seu motor GM dos anos 80!) é muito agradável em ciclos urbanos e em todos os instantes, além de que, é acusticamente bem acertado. O Novo Palio é mais dinâmico, sem dúvida, mas, para andar à frente do veterano, esforça-se em demasia, o que acarreta maior consumo de combustível. Apesar do menor peso e da melhor aerodinâmica, o Novo Palio bebe mais: 7,8 km/l na cidade e 11,3 (estrada) contra 8,9 km/l (cidade) e 13,2 (estrada) do 1.8R. Frigir dos ovos: pesou aqui a emoção da paixão com a racionalidade de um projeto mais moderno. Obviamente, o Novo Palio é mais seguro, mas, de fato, o “R” comporta em sua forma, uma essência que deixa saudades. I FA