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buru-rodas

Carros elétricos? Por enquanto, só para os mais ricos…

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Petróleo, emissões de gases e política: é nesta confluência que envolve números, dados de vendas, metas antipoluição e (muito!) dinheiro, que se encontram os automóveis elétricos e o seu possível sucesso no futuro. Existe nesse instante uma espécie de declaração de guerra de alguns políticos (principalmente os europeus e norte-americanos) ao CO2 (dióxido de carbono) ao NOx (óxido de nitrogênio) e outras tantas partículas invisíveis nocivas à vida humana e ao meio ambiente.

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Vilão solitário >> O ponto principal da discussão, a meu ver, fragiliza-se quando se colocam os automóveis (carros, motos, ônibus e caminhões) como os únicos responsáveis pela diminuição da qualidade do ar no mundo. É preciso relembrar dos trens, aviões, navios, fábricas e usinas termelétricas que, da mesma maneira, também estão inseridos nesse contexto, mas que, por alguma razão do ´além…´, parece que sempre são deixados de fora como se não fizessem parte do problema.

Metas impossíveis >> Nas próximas semanas, todos os limites de emissões serão novamente discutidos e votados por membros do importante Parlamento Europeu para um novo período que será contado a partir de 2020. Ocorre que as metas e previsões teóricas sobre o assunto são dificílimas de serem atingidas, pois estão intimamente ligadas a um enorme percentual de vendas de veículos elétricos (ou híbridos, pelo menos) que precisaria ocorrer. Mas sabe-se que nem tão cedo isso acontecerá, dados os altos preços desse tipo de produto.

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Ação >> Para incentivar uma votação mais consciente e tentar alertar os políticos, no sentido de fazê-los enxergar objetivos mais realistas, a ´ACEA´ (associação europeia de construtores de automóveis) coletou dados estatísticos comparando a percentagem de mercado conquistada pelos veículos elétricos em relação a riqueza produzida em alguns países. A conclusão foi óbvia: os carros elétricos representam praticamente 0% do mercado em nações aonde o Produto Interno Bruto “por cabeça” (PIB/per capita/ano) está abaixo dos 18.000 Euros (aproximadamente R$ 80.000).

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Só para os ricos >> Até o momento, segundo a entidade, os carros elétricos só estão conseguindo um relativo sucesso nos países realmente ricos, aonde há condições extremamente atraentes ofertadas aos potenciais compradores, como subsídios do governo e outros tipos de isenções, tais quais o não pagamento de taxas anuais de licenciamento, exclusão dos sistemas de rodízio e até gratuidade de estacionamento.

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Outros problemas >> A diretoria geral da ACEA alerta que a mudança de costumes do uso de veículos tradicionais para os automóveis elétricos, só acontecerá quando o problema dos altos custos da venda e outros entraves periféricos forem resolvidos. É bom lembrar que há necessidade – em primeiro plano – da existência de uma rede eficaz de recarga de baterias que seja capaz de lidar com o incremento da procura.

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Aparentando não ter muita noção dessa realidade, o Parlamento Europeu está prestes a indicar a necessidade do mercado produzir e expor ao consumo, 15% de veículos elétricos em 2025 e 30% em 2030! Pelo lento andar da carruagem – aonde os mais ricos do mundo não atingiram, sequer, 1,8% da sua produção com esse tipo de veículo – essas metas soam como anseios completamente surreais.

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Realidade >> Apesar de ser um recurso natural e, portanto, finito, ainda há muitíssimo petróleo a ser extraído. As reservas são incrivelmente grandes em países como a Rússia e Arábia Saudita, por exemplo, que, juntas produzem – em média – 20 milhões de barris por dia. Nos anos ´1970 previa-se que o petróleo estaria extinto no início dos anos ´2000, mas, pesquisas e novas tecnologias de extração comprovaram o contrário, e o tal ´ouro negro´ ainda deverá durar, pelo menos uns 160 anos.

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Relevante relembrar que, em relação a motores e máquinas, antes da escolha elétrica, há uma segunda opção de alimentação: o álcool extraído principalmente da cana de açúcar. Carros elétricos, portanto, ainda são uma incógnita difícil de decifrar. Por trás da cortina ´verde´ que traz o selo das ações ambientalmente corretas pelo uso de um veículo elétrico, estão os poderosos tentáculos da economia e o misterioso tabuleiro do xadrez geopolítico. Nada muito simples como se pensa… (Fotos: divulgação) 

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