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Golf GTi: 7 dias de convívio com o mito da VW 

Em 1974 a Volkswagen lançou a 1ª geração do Golf, um hatch compacto que, em 45 anos de existência, tornou-se o veículo mais bem sucedido dessa marca alemã, além de se consolidar como um dos carros mais adorados de toda a história automotiva. A razão disso? Um projeto exemplarmente bem feito e que, ao longo de décadas, foi modificado sem grandes radicalismos, ou seja, evoluiu sem deixar de agradar aos fãs mais tradicionalistas. Nesse instante, ele está na 7ª geração e continua entre os automóveis mais vendidos do mundo. Passei uma semana testando uma versão GTi, a mais esportiva e luxuosa de todas ainda comercializadas no Brasil. Eu já gostava dessa máquina, e passei a respeitá-la ainda mais.

Adversário >> Na minha opinião, o único rival à altura do Golf GTi é o japonês Subaru WRX STi, carro que guiei num autódromo, aproveitando quase todo o potencial dos seus 300 cv de força (70 a mais do que o Golf)! Mas esse modelo da Subaru, apesar de espetacular em quase todos os aspectos, é um pouco áspero no rodar, portanto, milimetricamente inferior em conforto em relação ao Golf.

Conteúdo e preço >> A versão avaliada (ano/modelo 2018) é a mais completa vendida no mercado brasileiro. Custa um pouquinho mais de R$ 160.000 e traz interior todo forrado em couro preto (ideia péssima para um lugar calorento como Alagoas, mas coerente para o clima dos alpes suíços, por exemplo…), teto solar panorâmico, piloto automático adaptativo com frenagem autônoma (ACC), sistema de estacionamento autônomo (Park Assist), câmera de ré com imagem bastante visível, além de um excepcional sistema de infotainment com ótima tela sensível ao toque e com o funcionamento e a compreensão de uso mais fáceis do mercado.

O que mais gostei? >> A alma do Golf GTi retrata com perfeição aquilo que a embalagem mostra. A decoração esportiva não é meramente um enfeite inócuo: ela traduz todo o vigor do motor 2.0 TSi (turbo/230 cv de força/torque de 35,7 kgf.m). A aceleração é perfeita, pois, apesar da força colossal, ela ocorre de maneira gradual e bem suave, com o câmbio DSG de 6 marchas atuando com primazia nas trocas. Em pista fechada consegui sentir toda a disposição do GTi. A aceleração de 0 a 185 km/h é incrivelmente rápida! Além desse patamar, ele continua uma escalada faminta por velocidade podendo atingir até 238 km/h! Em resumo: sobra performance nesse hatch sensacional. Dois detalhes positivos: a capacidade de frenagem (dos 4 discos ventilados) é admirável, assim como a desenvoltura desse carro em fazer curvas sem perder o equilíbrio, merece aplausos.

Por dentro >> Como já dito, o sistema de informação e entretenimento do Golf GTi é um dos mais fáceis do mercado na atualidade. Em pouco tempo (mesmo sem ler o manual) é possível compreender e utilizar muitos recursos disponíveis na tela central, painel e volante. Os bancos em couro são excessivamente inadequados para lugares quentes como Maceió, mas para isso, há uma opção de tecido com uma bonita decoração em xadrez, marca registrada dos esportivos da VW há muitos anos. Os bancos da frente possuem abas laterais que impedem a movimentação do corpo nas curvas, mais um código clássico das pistas.

Frigir dos ovos… >> É impossível não elogiar um carro como o Golf GTi, pois as virtudes suplantam vertiginosamente as limitações que possam ser apontadas. O padrão de acabamento dessa versão importada do México é primoroso, assim como a lista de itens de série é ampla e útil. Na Europa há diversas versões do Golf, dentre elas uma movida a diesel, outra híbrida, mais uma elétrica e tantas outras variações do GTi, como a apimentada “R” e até a assustadora W12, com 12 cilindros e 641 cv!

Dentre algumas centenas de carros que já testei nos últimos 15 anos, o Golf GTi foi um dos que mais chamou atenção nas ruas e estacionamentos. Os detalhes em vermelho da grade e grupo óptico frontal em LED são magnéticos. As pessoas param para admirar a cara furiosa desse adorável hatch que, se bem domado, se comporta como um cavalheiro, mas se instigado, desce ao subsolo da fúria, entregando muito mais amor do que aquilo que o piloto mais ousado conseguirá administrar sem doses extras de sofrimento… (Fotos: divulgação AG FBA / Instagram: @acelerandoporai)