A Honda Automóveis promete para o próximo dia 20 de março, o início da comercialização do seu novo filhote, o HRV. Na coletiva de apresentação técnica à imprensa, ocorrida na última terça-feira(10/3) em Brasília (DF), o executivo Paulo Takeuchi (diretor de relações públicas da marca nipônica) disse que o novo SUV (Sport Utility Vehicle) “é um cruzamento de um cupê com uma minivan”. A Honda enfatizou que a ´diversão, emoção e racionalidade´ foram os valores focados no desenvolvimento do veículo. A receita da composição do modelo já é bastante conhecida pelos brasileiros: cabine confortável para quatro adultos, nível de conforto condizente com o preço e uma significativa altura elevada em relação ao solo. Esse último detalhe agrada, principalmente, às mulheres, a meu ver, público maior que esse carro terá.
Nicho >> O Honda HRV vai invadir – em grande estilo – a praia aonde já atuam dois de seus futuros concorrentes: Renault Duster e Ford Ecosport. Outro oponente dessa turma (que também será lançado agora em março) é o Renegade, pequeno utilitário esportivo que a Jeep está começando a fabricar na nova fábrica da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) em Goiana (PE).
Opções >> Disponibilizado em três versões (LX, EX e EXL, respectivamente, nível de entrada, intermediário e topo), o HRV é uma mistura bem equalizada dos irmãos Fit e Civic, já que divide componentes e conceitos dos dois. O motor foi herdado do Civic com melhoramentos para diminuir a aspereza e a central eletrônica foi modificada a fim de privilegiar a economia de combustível. O câmbio CVT (de relações continuamente variáveis) também é o mesmo do sedã.
Do Fit ele recebeu o tanque de combustível central e partes da suspensão dianteira. O fabricante afirma que, apesar desses agregados de outros veículos da Honda, o HRV está montado numa inédita plataforma. A potência máxima do motor 1.8 de 4 cilindros fica em torno de 141 cv aos 6.400 rpm e o pico de torque atinge cerca de 17,1 kgf.m. Como dito, a ECU (central eletrônica do Civic) foi alterada a fim de se conseguir uma equação mais competente para o consumo da semi-inoperante gasolina nacional ´batizada´ com 27% de álcool e água.
Estilo >> Nesse quesito eu vou relembrar a minha teoria sobre o Nelson Piquet e a Elis Regina: você pode até não nutrir simpatia por eles, mas terá de ter inteligência mínima para admitir a competência da dupla. O HRV é acertadíssimo na estética. Arrisco dizer que é, atualmente, o mais agradável da linha Honda no Brasil. O próprio fabricante insiste em chamá-lo de ´cupê´. A meu ver é um monovolume de quatro portas. Pondo os conceitos de lado, o carro tem frente alinhada à plástica global da Honda, traseira elegante e moderna (sem ser extravagante) e uma divisão de volumes laterais merecedora de aplausos. O chame extra está no mistério das maçanetas de abertura das portas traseiras. Bem ao estilo da italiana Alfa Romeo, elas ficam escondidas na quina da janela e não incrustadas na lataria. Dá até impressão de que o carro tem somente duas portas.
Interior >> Gostei muito da simplicidade racional do painel de instrumentos e da composição do tabelieur. A Honda foi sabiamente contida e escolheu um estilo mais clássico do que futurista. O resultado foi agradável, com boa legibilidade da instrumentação e ergonomia compacta, acessível. Como diversão, o aro do velocímetro muda de cor. O console central (que também agrega o descansa-braços) é confortável porque é revestido de material macio, mas esconde e dificulta o acesso às entradas USB e outras tomadas auxiliares.
Em movimento >> A essência do HRV é de uso bem urbano. Deverá agradar, principalmente, ao jovem público feminino em afazeres cotidianos na cidade. A Honda acertou em cheio na altura deste SUV, que permite uma entrada tranquila no habitáculo sem grandes esforços. A posição de dirigir é ergonomicamente acertada e acha-se, com facilidade, uma combinação adequada. Já a coluna de direção é telescópica em altura e profundidade e o banco do motorista tem regulagem de altura.
No mais, todas as versões têm praticamente o mesmo nível de segurança com airbags, controle de tração e estabilidade, freios ABS, etc… Os diferenciais entre as três configurações estão no nível de equipamento e acabamento. Entenda isso como: bancos de couro (ou cobertos com tecido tradicional), tela central multimídia (com mais ou menos recursos), ar-condicionado tradicional (ou eletrônico), rodas de ferro com calota (ou de liga leve…), comandos de som no volante (ou não) e tipos de câmbio. A versão LX sai com transmissão manual de 6 marchas ou automática CVT e a EX e EXL somente são disponibilizadas com caixa automática CVT. Novidade inédita em veículos nacionais é o freio de estacionamento do HRV, que é sutilmente acionado por um botão no console. Creio que irá incomodar os concorrentes. (Fotos: divulgação)
