O Brazil Classics Show, realizado em Araxá (MG) no recente feriado de 7 de setembro, manteve o adequado rótulo de mais elegante dos encontros de veículos antigos no País. Foi grande o esforço para viabilizá-lo e exigiu capacidade de improvisar, resolver, reinventar-se. Superou dificuldades, obstáculos, e foi evento marcante, referencial. A questão é: neste país sem projeto, uma greve de caminhoneiros, de origem e comando desconhecidos, parou o Brasil, pôs a administração em letargia e trouxe prejuízos sem indenização. Um deles, fez abortar a realização do Encontro, antes marcado, com estrutura instalada, bancas de comércio montadas, veículos em trânsito. Em meio aos problemas gerados pelo adiamento, muitas composições com fornecedores, com o hotel sede, o êxito do evento ficou ameaçado, mas a administração tocada pelo Instituto Veteran Car, de Belo Horizonte, superou as dificuldades e apresentar soluções.
Como foi? >> O patrocinador do evento manteve e aumentou o aporte para compensar o incremento de custos com a desmontagem da estrutura sem uso e a montagem de outra, três meses após. Colecionadores com a cabeça no lugar entenderam a razão institucional, mantendo inscrições e presença. Na prática, quase 300 veículos dispostos, nele avultando núcleo de destacada qualidade e raridade, e o deslumbramento da reunião de 38 Ferraris, incluindo dois modelos de séries especiais, os F-40 e F-50. Núcleo de colecionadores se amplia. Neste ano o Museu de Carmo do Paranaíba (MG), do colecionador mineiro Rúbio Fernal, a coleção privada do empresário paulista José Luiz Gandini e o novo foco da coleção de Leo Steinbruch, antes dedicada exclusivamente a nacionais. Fernal exibiu raro e aqui desconhecido Fiat com projeto de estilistas da Zagato, insolitamente construído pela Riva, famosa fábrica de lanchas durante estreito período ao início dos anos ´50. Gandini, dedicado aos Cadillacs (também dos anos ´1950), amplia o leque a veículos mais erados, como o imponente Packard 1931 em carroceria roadster. Levou o transitório Prêmio Roberto Lee como ´Best of Show´. Steinbruch expôs um Ford T de 1909 (apresentado erroneamente como ano 1908) e um Mercedes-Benz 300 SL, o Asa de Gaivota. Item e abertura de caminho importante, o Alfa Br, grupo internético de aficionados de Alfa Romeo, montou barraca, instou presença da marca, criou premiação específica. Um caminho para outros clubes de marca, criar sub-eventos sob o guarda-chuva da festa principal. Outro ponto de relevo foi manter a tradição de promover leilão. Neste ano as demandas superaram o teto estabelecido de 70 ofertas pela empresa de leilões, ampliadas a 83. Vendas totalizaram em 29, arrecadando R$ 3,5 milhões. Estrela do evento, um Alfa Spyder 2.000, do ex-ator Otelo Zeloni.
Saudade >> Para homenagear Og Pozolli, um dos maiores antigomobilistas do Brasil, falecido há pouco tempo, o evento criou troféu transitório para distinguir o melhor automóvel dentre os não restaurados. No caso, o indicado foi o Cadillac 1927, modelo 314 coupé, de Aparecido Guadain. Oportuno pelo relevo do evento, mas não é pioneirismo. O ´Carro do Brasil´, encontro criado em Brasília para festejar os produtos nacionais, criou tal láurea em 2001. Chamou-o ´Pátina do Tempo´, e o distribui aos eventos que buscam auxílio e orientação ao Museu Nacional do Automóvel. O insólito e sua divulgação instigaram o “Pebble Beach Concours d’Élegance”, em Monterey (Califórnia/EUA), tido como o mais refinado da especialidade, a copiar a láurea e, a partir daí, a Federação Internacional de Carros de Coleção (FIVA), a instituir o prêmio. Registro histórico se faz presente para manter não apenas a verdade, o pioneirismo brasileiro e a importância do conceito expresso pelo Museu Nacional do Automóvel, seu criador: historicamente mais vale a pátina do tempo sobre a construção original que os brilhos e reflexos pós-restauração, décadas distante dos métodos e partes empregados à época.
Og ad aeternum >> São raras as coleções de veículos antigos a permanecer unificadas após a partida de seu criador. Atividade solitária, exige dedicação, interesse e também, como diz o Curador do Museu Nacional do Automóvel, “3T” (Tempo, Tesão e Talão). Sem tal envolvimento e meios, as coleções não subsistem, são vendidas aos blocos ou em unidades e terminam desfeitas. Desde novembro do ano passado, quando Og Pozolli (um dos implantadores do antigomobilismo no Brasil) morreu, a espada da dúvida voltou a ser lembrada, e o receio da disseminação, sempre manifestada por ele, escaldado pelas vazias promessas municipais e estaduais de aquisição. Quem do ramo foi ao “Brazil Classics” encontrou conjunto de honra com cinco estelares unidades da coleção Og, capitaneada por exemplar de Moon, um touring dos anos ´1920, acreditado como do então Presidente Washington Luiz e único no mundo. Conversinhas, teses, teoria dizia da aquisição pelo poderoso Bradesco, num projeto de expor que, além da atividade selvagemente milionária, faria efeito demonstração de dedicação cultural. A verdade surgiu na noite de sábado, durante a premiação: a coleção fora adquirida pela Fundação Lia Maria Aguiar, mantida por filha do criador do banco, mas sem ligações operacionais com o estabelecimento. Projeto útil, dedica-se à formação artística de jovens, e a ampliará com a construção de um museu e a formação de cursos para ensinar dados e segredos dos reparos e manutenção de automóveis antigos, um exercício de talento a cada dia mais empobrecido com o desaparecimento dos profissionais antigos. O Museu será construído em Campos do Jordão (SP), com a promessa de operação em dois anos. A coleção do Og estará unida e preservada.
RODA-A-RODA
HONDA – Marca apresentou seu modelo Fit 2019, marcando-o simploriamente com nova cor ´Vermelho Vênus metálico´, e maior conectividade.
PREÇOS – DX Mt, simples e com transmissão manual (R$ 60.500); Lx Convert (R$ 60.500); Personal com câmbio automático CVT (R$ 68.700) e versão luxuosa a R$ 72.800.
PESQUISA – FCA aplicou US$ 30 milhões nos EUA no campo de provas recebido à Chrysler em Chelsea, perto de Detroit. Quer adaptá-lo a testes de direção autônoma; sistemas avançados de assistência ao motorista. Aqui, a empresa continuará usando ruas e estradas como pista de testes.
MAIS – Japonesa Sumitomo impulsiona sua marca Dunlop no Brasil. Aplica R$ 640 milhões para aumentar capacidade industrial de pneus de passeio e carga. Fábrica não está em Campinas, endereço da Dunlop original, mas nas beiradas de Curitiba (PR).
QUEM É – Petronas, empresa malaia, mais conhecida como co-patrocinadora da equipe Mercedes-Benz na Fórmula 1, está no Brasil. Mais precisamente em Contagem (MG). Ocupa as instalações da antiga Tutela, a fábrica de óleos e lubrificantes da Fiat e da estatal Agip.
MELHOR – Investiu R$ 20 milhões para atualizar laboratórios em Centro de Excelência em Pesquisa e Tecnologia na América Latina. Deve manter o pioneirismo: primeira a fazer óleos lubrificantes semisintéticos no país e responsável pela quebra da nunca entendida barreira limitando os lubrificantes nacionais à classificação SD.
QUESTÃO – Crescimento de produção e vendas da indústria automobilística se dissociam da noção de estagnação da economia. Números a serem fechados no final do ano devem indicar otimismo. Até agora o mercado cresceu 15%. Seria melhor sem a greve dos caminhoneiros, vitrine de nossa fragilidade e da inabilidade da cúpula do poder em gerir o problema.
…II – Os números não deverão mentir. Somente em 2023 produção e vendas repetirão os cravados em 2013. Na prática a atrapalhada gestão da ex-presidente que se dizia formada em economia, atrasou o país em vários anos. (e querem levá-la ao Senado…)
SITUAÇÃO – Boletim automobilístico AutoData perguntou aos seis candidatos melhores colocados na disputa para a Presidência da República, quais os planos de cada um para a indústria automobilística. Qual o percentual de respostas, caro leitor/eleitor, que você acha que ocorreu? Zero por cento, acredite! Ninguém se manifestou.
O QUÊ – Desinteresse, desconhecimento? Vicente Alessi, editor, tem visão pragmática: o fim das doações para campanhas, as regras de ´compliance´, o receio de multas ou prisão, reduziram a capacidade de entendimento.
PROGRAMA – Gostas de veículos? Tecnologia? Programa a ser considerado: dia 18 às 9:30, a Audi transmitirá o evento The Charge, cuja estrela maior será o modelo “e-Tron”, seu primeiro carro totalmente elétrico.
ONDE? – Meios diversos: Audi MediaTV: www.audiamedia.tv (em alemão e inglês, incluindo link para compartilhar a transmissão em outros sites); Via Smart TV usando o aplicativo Audi MediaTV; Via satélite: (chinês e inglês); Via mídias sociais: na página do Facebook de Audi AG e no canal do Youtube Audi MediaTV; Via website: www.e-tron.audi
LUXO – O veículo mais luxuoso da Toyota não é da sua família automobilística Lexus, mas os iates com esta marca. Projetados em conjunto com a divisão marítima da casa, seu produto de topo, o Lexus LY 650 é iate de luxo com 65 pés (quase 20 metros).
NEGÓCIO – Toyota está em barcos há 20 anos utilizando o nome Ponan, por isto, o que parece uma aventura merece crédito, neste período em que fabricantes de automóveis se aventuram em outros modais.
VARIEDADE – Aston Martin e Bugatti têm colaborado com outros produtores de lanchas e barcos; Honda fabrica avião a jato; Mercedes-Benz tem acordo com a Cigarette Racing promovendo os modelos AMG.
CADA QUAL – Toyota fará os novos LY 650 contratando o estaleiro Marquis-Larson Boat Group. Primeira unidade daqui a um ano.
AL MARE – Estaleiro catarinense Triton Yachts levará ao São Paulo Boat Show (27 set a 2 out), duas novas embarcações. Uma, a 460 Fly, 46 pés (14 m de comprimento), expõe as últimas tendências europeias; três suítes, com a master ocupando toda a parte central. Motorização sugerida: dois motores diesel, entre 330 e 400 cv cada. Quanto? Cerca de R$ 1,7 milhão.
MAIS – Há novidade tipo esportiva, a 350 HT, com espaço para 12 pessoas durante o dia e 4 para pernoite. Menor, outra proposta, outro preço: R$ 510 mil. Motorização diesel, 2X250 a 350 cv.
DE VOLTA – Gol retomará ligar Brasília a Buenos Aires por voo direto. Seis por semana, equipamento atualizado, Boeing 787 800 Next Generation. Fomenta Brasília como ´hub´ de distribuição ao trazer argentinos para tomar voo da companhia com destino a Miami.
PORÉM – Pousará no aeroporto de Ezeiza, outro município, distante, táxi caro. Outra situação: os motoristas de táxi em Buenos Aires hostilizam os de aplicativos. E o voo de volta decola às 4h40. Na prática, um longo jantar, quase uma hora até Ezeiza e as regulares 2 horas antes do voo.
GENTE – Cláudio Rawics, comunicólogo, ex-Fiat, mudança. Deixou a área de propaganda da Renault e foi-se à Audi. Nova diretoria na empresa, administrando publicidade, marketing e comunicação. OOOO Gustavo Perini, 33, engenheiro na DAF (fábrica de caminhões) aplauso. Ganhou o Prêmio Jovem Engenheiro da SAE, grêmio de engenheiros automobilísticos. A láurea reconhece seus estudos estruturais nos caminhões para reduzir tempo de testes de rodagem. OOOO (Os artigos assinados por colaboradores desse site são de inteira responsabilidade dos seus autores. A editoria geral desse veículo, necessariamente, não concorda com todas as opiniões aqui expressas. Texto desta coluna tem autoria do jornalista Roberto Nasser)