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Fiat Cronos quer ser o melhor

 

“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. O ditado popular antigo explica o surgimento do Cronos, novo sedã de três volumes da Fiat, inspirado no hatch Argo. Mandão é o mercado, onde automóveis deste tipo representam 22% das vendas, e o juízo é a boa explicação para a marca, sempre identificada com veículos de pequeno porte, dizer presente e aspirar vendas para se reaproximar da liderança perdida após 13 anos. Visualmente ele cumpre a mandatória função de mostrar-se como um desdobramento do Argo, encerrando um ciclo de novidades com os Fiats Toro, Mobi e Argo. Executa a missão com brilho, exudando não ser um hatch com aposição de porta-malas, mas desenho exclusivo e bem resolvido, com caráter e personalidade. Como detalhe, para aumentar o conforto interno, a Fiat não esticou a plataforma. Como disse Claudio Demaria, engenheiro-chefe, na apresentação do produto, optou-se pela gestão do espaço interno. De fato, há maior habitabilidade e espaço para 525 litros no porta-malas comparativamente aos produtos com os quais disputará vendas, o GM Prisma e o Hyundai HB 20S, por exemplo. Cuidado no desenho e seus detalhes; interior com bom conteúdo de itens de conforto e eletrônicos, agregação de itens de segurança como controle de tração, estabilidade, assistente de rampa, sensores de chuva, crepuscular e ofuscamento. Sensor de pressão em todas as versões e multimídia Uconnect em quatro das cinco versões.

Fiat Cronos quer ser o melhor do segmento
Fiat Cronos quer ser o melhor do segmento

Duas opções de motorização, quatro cilindros frontal transversal 1.3/109 cv e 1.8. Três tipos de câmbio: manual de 5 velocidades; GSR (Dualogic) automatizado e automático Aisin com 6 velocidades. Construtivamente, o Cronos pesa pouco mais ante o Argo por conta do uso de 70% em aços especiais, mais leves e resistentes. Mesmo percentual é de peças específicas e óbvios 30% são comuns. A personalização do carro como sedã exibiu novas calibragens de suspensão e direção, incluindo aumento de bitola e os novos faróis obtém 60% mais de luz relativamente a Prisma e HB20.

QUANTO? >> A Empresa desenvolveu 5 variáveis: abrindo o leque no Cronos 1.3, mais simples; indo até o 1.8 Precision com transmissão automática, revestimento em couro. Cronos 1.3 (R$ 53.990); Cronos Drive 1.3 (R$ 55.990); Cronos Drive 1.3 GSR (R$ 60.990); Cronos Precision 1.8 (R$ 62.990) e Cronos Precision 1.8 AT6 (R$ 69.990). Divido com os leitores o acerto na previsão de preços exibido na Coluna Nº 7 desse ano. Os valores entre as versões Drive 1.3 e Precision 1.8 automática ficariam entre R$ 50 mil e R$ 70 mil. Como aconteceu.

AO VIVO >> Andei no Rio de Janeiro em avenidas costeiras, aterro do Flamengo, ruas do Jóquei, Jardim Botânico, Leblon…, uns 50 quilômetros. Carro de conjuntos acertados, freios de bom dimensionamento e calibração; direção bem ajustada; grande harmonia entre as relações de câmbio-motor-uso; extremamente silencioso como se fosse de categoria superior, e construtivamente o é, apesar de, curiosamente, a Fiat tratar do assunto ganho de qualidade com inexplicável reserva. O navegador de bordo não conversou com meu iPhone para ligar o guia Waze, e é ausente um porta celular como item de série. No comportamento, excepcional vedação de som, caracteriza o projeto como o de melhor conforto.

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FORD DEIXARÁ O BRASIL? >> Essa questão atualmente permeia as assessorias especializadas em indústria automobilística e empresas aconselhadoras de investimentos: o que acontece ou acontecerá com a Ford? A avaliação sinaliza uma sobrevivência por cortes gerais de custos e investimentos, em especial nos mercados periféricos, como a América Latina. Em tais praças, menor variedade em produtos, vendas, lucros, redução da rede de revendedores, desinteressada pela diminuição das ofertas de produtos. No Continente, medidas focadas nas vendas de varejo. A falta de investimento em novos produtos impedirá a substituição da linha Focus na Argentina, mantendo a modelia atual em produção, importando o modelo novo para Argentina e Brasil. Mesmo caminho, a não modernização da picape Ranger. Do México, outra subtração: por pressão do Presidente Donald Trump, a empresa drenará a produção, incluindo acabar com o Fusion, provavelmente, interrompendo a exportação desse modelo ao Brasil. Dado relevante e preocupante, especialmente para o Brasil: não há investimentos previstos para renovação de produtos. Aqui no país a empresa aposta nos produtos e versões sobre os compactos Fiesta e KA, mas segundo fonte da Ford, em 2019 esses dois carros deverão ser condensados num só, num caminho determinado pela matriz norte-americana. O substituto deve ser produzido na fábrica de Camaçari (BA). Tal ocorrência tornaria ociosa e improdutiva a pioneira instalação de São Bernardo do Campo (SP). Lá atualmente se processa inusitada simbiose industrial na montagem de Fiesta e caminhões Cargo. Mesclar produção de carros e caminhões (a mesma fonte garante) deve ser o primeiro passo para minguar a operação com os veículos pesados. Próximo degrau será perder a independência como divisão, em indústria, marketing e comércio, resumindo-se a ser apenas braço da operação automóveis. Válido o raciocínio, espelhará a continuidade do corte de empregos. No ano passado a empresa surpreendeu ao cortar 1.000 postos de trabalho na área administrativa.

Logotipo da Ford na pioneira instalação em São Bernardo
Logotipo da Ford na pioneira instalação em São Bernardo

NADA PESSOAL >> Não se trata de preconceito para operações abaixo do Equador, mas reflexo da posição corajosa adotada pela matriz, colocando a condução executiva em mãos exógenas ao setor, porém conhecidas como cortadoras de custos. A empresa tenta sobreviver à crise mundial da indústria automobilística, pressionada por custos, pela não expansão de mercados, pelos hábitos dos novos consumidores, pelos torniquetes oficiais quanto a consumo, emissões e segurança, e a tendência mundial de sobrevivência praticando economia sobre elevada escala de produção, através de fusões, junções, alianças, como fizeram mais recentemente PSA absorvendo à GM as operações Vauxhall e Opel, na Inglaterra e Alemanha; Renault-Nissan+Mitsubishi; FCA somando italianos + Chrysler. Nos EUA, acionistas se preocupam com a relação entre patrimônio e dívidas; desvalorização das ações; prejuízos operacionais, como o mau passo com as picapes F-150 com agregação de muito alumínio na carroceria e cabine. E se preocupam com operações no vermelho do prejuízo: na América Latina a empresa tem perdido mais de US$ 1 bilhão/ano! O prejuízo da operação brasileira está em torno de dois milhões de dólares/dia… Há dois meses a agência econômica JP Morgan comunicou aos clientes a análise da Ford em se retirar da operação na América Latina, ante cobrança de acionistas e do próprio presidente mundial Jim Hackett quanto ao enorme prejuízo acumulado nos últimos anos. A Ford repetiria ação encetada na Austrália, retirando-se como indústria, tornando-se importadora.

COMO FICA? >> Consultada, Ford Brasil por seu vice-presidente Rogélio Golfarb negou, creditando as informações a especulação da imprensa, garantindo a continuidade industrial nas velhas usinas da Argentina e de São Bernardo. Entretanto, questionado, o executivo não calçou as afirmativas indicando os veículos a substituir os atuais teoricamente em descenso e, sobre investimentos, disse ser a não divulgação uma estratégia da empresa…

FUTURO >> Não deverá sair do país, mas adotadas as medidas especuladas, encolherá substancialmente, deixando de ser a referência como quarto lugar em participação no mercado, para ocupar posto distante. Jornalista Vicente Alessi, filho, editor das publicações AutoData, experiente e bem informado, tem visão positiva: “A Ford pode estar antevendo o mercado e se preparando para dar uma volta e liderar a mudança”. Tal evento seria a preparação para a grande alteração de cenário para o uso dos automóveis, sua morfologia e construção. A Ford estaria se adequando para nova geração de produtos elétricos ou híbridos, e poderia sediar tal produção em São Bernardo ou na Argentina, afinal, se Focus e Ranger não serão substituídos, óbvio estar determinado seu fim, e a ociosidade para as instalações argentinas. Aparentemente isto está há tempos no radar da matriz, pois a Ford Brasil não tem investimentos desde 2015.

EM CIMA DA HORA >> Tal qual Fiat, BMW e Suzuki, a Ford é empresa controlada pela família fundadora. E de um desses acionistas majoritários teria partido a decisão acatada pela diretoria e assinada por Jim Hackett, CEO. Em nota surpreendente, demite sem informar razões, Raj Nair, 31 anos na companhia e seu presidente da marca nos EUA. Fontes em Detroit e consultor norte-americano especializado em indústrias, pessoas e gabinetes optam por vertente comum: em encontro com acionistas e representantes, um deles, motivado pelos resultados econômicos da companhia, teria perguntado o óbvio ao então presidente: Qual o futuro da Ford? E o executivo teria respondido também desejar saber, deixando no ar a conclusão das incertezas. Os próximos dias serão febricitantes para a companhia responder à questão do acionista, e a sobrevivência na América do Sul, importante para os envolvidos nestas operações regionais, parece distante questão secundária ante a magnitude do problema.

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RODA-A-RODA

FIM – Porsche suspendeu a aplicação de motores a diesel em seus utilitários esportivos. Justificou de forma prosaica que o fez depois dos problemas da VW com emissões acima do limite legal, causando o processo conhecido como ´Dieselgate´.

DE COSTAS – Declarou: Diesel é assunto secundário na Porsche. Porsche não desenvolve ou constrói motores a diesel. Comercialmente a demanda por diesel vem caindo, ao contrário da procura por híbridos ou carros movidos puramente a gasolina. Os propulsores a diesel eram fornecidos pela controladora Volkswagen e o opcional durou 8 anos.

SALÃO – Volkswagen dará um choque nos jornalistas convidados à sua VW Night, véspera da abertura do Salão de Genebra, 8 a 18 de março: mostrará o I.D.Vizzion, carro-conceito elétrico do tipo bonito e prático; premium e automatizado. Quebrará paradigmas. E anunciará produzir 20 veículos inteiramente elétricos até 2025.

CUV – Ford tentou inovar na classificação morfológica da nova versão com ares de atrevimento do KA FreeStyle, rotulando-o como um ´CUV´, sigla que significa, na concepção da marca, um Compact Utility Vehicle…

OPINIÃO Nossa coluna Nº 5 de 2018 apontou a abreviatura de sonoridade ruim, geradora de óbvia saia justa e desconforto no trato do tema entre as executivas envolvidas com o produto.

CUV DE FORA – Toquei no assunto e a companhia desincentivou o uso do impronunciável CUV. O KA FreeStyle é agora tratado como apenas como um ´utilitário compacto…´

TRADIÇÃO – Historicamente a Ford não é muito boa para a escolha de nomes no Brasil. Batizou as transmissões com dupla embreagem de Power Shift. Tal a quantidade de problemas, antes de retirá-la de produção (o processo ainda se arrasta) viu-a apelidada pelo escatológico “Power Shit!”

TRADUÇÃO – Há pouco a companhia mudou o seu slogan, passando a ´Ford go Further´, algo do tipo Ford vai mais longe, como a Argentina traduziu. Aqui manteve-se o original com tropeço de pronúncia gerando entendimento diverso.

PROGRAMA – Ministro Marcos Jorge Lima, da Indústria, Comércio Exterior e Serviços declarou Decreto institucionalizando que o projeto Rota 2030 será assinado pelo Presidente da República até o final do mês.

SINAL – O 2030 determina normas para indústria de veículos e auto peças, criando degraus de redução de imposto contra ganhos tecnológicos. Plotará, também, o futuro dos carros híbridos e elétricos e sua imposição tributária.

CONSÓRCIO – Modalidade de auto financiamento ganhou espaço no mercado no ultimo mês. Panorama da venda de veículos leves 0 Km indicou expansão de 2,7%; e o valor médio ascendeu 4,8%. Nos consórcios, cenário melhor, expandindo 7% e com o tíquete médio crescendo 10%. Dados da Disal.

NO CAMPO – New Holland Agriculture fez acordo operacional com a produtora de vinhos E&J Gallo Winery, na Califórnia. Cliente testará trator especial para vinhedos com aparato permitindo uso autônomo e de suas observações agronômicas desenvolverá versão final para vendas.

Trator autônomo New Holland testado em vinhedo
Trator autônomo New Holland testado em vinhedo

ANTIGOS – Demanda de proprietários de veículos antigos, óleo lubrificante com base mineral, adequados a motores com com projetos erados, apareceu no mercado. É o Total Moto 4 Cruise 20W-50.

OBA! – Indaguei à Mobil se o lubrificante para motos seria aplicável a tais engenhos e recebeu confirmação. Um alento. Os antigos são desprezados no fornecimento de insumos para sua manutenção, como os óleos e em especial, pneus.

MINEIRICE – Quase todos os Estados do país isentam os veículos antigos do pagamento de IPVA. Conquista do Museu Nacional do Automóvel junto à Secretaria de Fazenda do DF, a lógica permeou, exceto para Minas e sua herança cartorária.

SOLUÇÃO – O AMA, clube mineiro, faz movimento com patrocínio do deputado estadual Duarte Bechir para conseguir a isenção. Audiência na 2ª feira, 14:30 na Assembleia Legislativa. Tens carro antigo? Vá jogar o jogo democrático, fazer presença e pressão.

GENTE – Raj Nair, engenheiro, 31 anos de Ford, presidente da empresa nos EUA, demitido. Causas opacas ditas como comportamento inaceitável. OOOO (Os artigos e matérias assinados por colaboradores são de inteira responsabilidade dos seus autores. A editoria geral desse veículo, necessariamente, não concorda com as opiniões aqui expressas. Texto desta coluna: Roberto Nasser)