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Hora do bom gosto e elegância: Citroën C4 Cactus

A Citroën apresentou no Brasil o novo Cactus. Produto interessante, dito utilitário esportivo. Mescla conceitos visuais de Kia Soul, Mercedes GLA, e sai-se muito bem. É veículo para o público desejoso de sentir-se superior pela posição de dirigir ou para os conscientes da necessidade de utilizar carro melhor dimensionado às emoções do piso desnivelado e esburacado. As linhas se integram à proposta e a mecânica foi ajustada para enfrentar as agruras nacionais. Na prática exalta o orgulho brasileiro, pois o produto foi desenvolvido aqui, como evolução da geração anterior, sob o comando do diretor de design para a América Latina, o quase jovem Daniel Nozaki. Executivos franceses, incluindo o chefe da área, viram, se surpreenderam, palpitaram com superioridade colonizadora, mas aprovaram: o projeto nacional é hoje produzido na Espanha abastecendo a Europa. É bem inspirado e responde ao usuário deste tipo de automóvel em linhas, cuidados interiores e habitabilidade. A regra brasileira de enquadramento como utilitário esportivo exige altura mínima e ângulos de entrada e saída dos obstáculos, obtidas com o elevar da distância livre do solo, no caso 22,5 cm, mais ou menos a oferecida pela velha senhora, a Kombi. Agradável por fora, bem cuidado por dentro, ótimo espaço frontal e entre bancos, oferece uso confortável.

Cactus: elegante, bem composto, seguro e com bom preço
Cactus: elegante, bem composto, seguro e com bom preço

Divisão >> Peugeot e especialmente Citroën perderam muitas vendas. Têm bons produtos sem conquistar clientes, desenvolveram o Cactus para ser tratado como evento, degrau, novo patamar de atração para a marca. Por isto não é apenas mais um produto, mas “o produto” para obter muitas vendas, fazer lucros e participar bem do mercado; remunerar e garantir a sobrevivência dos seus 100 revendedores no país. Tem detalhes cuidadosos, itens de segurança e sistemas ativos, inusuais em carros neste segmento.

Conteúdo >> Muito cuidado para sobressair nas comparações com outros carros desta frequentada fatia de mercado. Nozaki conseguiu ótimo resultado ao fugir do barroco automobilístico, a interpretação coreana sobre traços de Chris Bangle para a BMW, optando por linhas limpas. Detalhes, muitos, desde os três níveis de elementos ópticos no painel frontal ao bagageiro de teto, elegante, bem formulado. Houve trabalho primoroso para acertar suspensão, direção e freios (a disco nas 4 rodas). Coisa de profissional sensível. Na transmissão mudaram semieixos e juntas, agora com maior contato, encerrando as más sensações oferecidas por seu primo Peugeot 2008. Há muitos adereços eletrônicos pró-segurança, incluindo regulagens para a tração frontal, aviso de mudança de faixa, freio que opera sozinho quando o motorista não o aciona próximo ao veículo da frente. Itens encontráveis em carros de preço superior.

Cores >> Seguindo tendência mundial há opção com dois tons ou, no popular, saia-e-blusa. A fábrica se dimensionou para pintar o teto em branco, preto ou azul esmeralda, harmônicas com a do corpo do Cactus: branco, cinzas e o mesmo azul. São caretas ou assim o são os consumidores brasileiros. A limitação não se harmoniza com o conceito de atrevimento oferecido pelo dito SUV. Se você está interessado e não é careta, vite, vite, como dizem os franceses. Aja rápido, ois farão limitadíssima oferta de apenas 100 unidades pintadas em vermelho. A Citroën surfa na onda com outros fabricantes de fazer pré-inscrição de venda com atrativos para vencer inércia e dúvidas, como gratuidade nas três primeiras revisões e, aos donos de Citroën, valorização adicional de R$ 3.000 sobre o veículo usado.

Mais >> Para reaproximação com os seus clientes, as marcas PSA (Peugeot e Citroën), têm oferecido, desde o ano passado, atrativos como verificação gratuita de fluidos durante a vida do veículo; revisões a preço fixo; descontos para carros fora de linha; oito anos de reboque para enguiços e acidentes; recompra garantida; seguro a preço menor; entrega de serviços para o mesmo dia; empréstimo de carro da marca para serviços tomando mais de 4 dias. Na ponta do lápis, fazem presença, custam pouco, vendem simpatia.

Quanto? >> Preços bem administrados para concorrer com a turma de assemelhados. De R$ 69 mil a 99 mil para as versões elevadas, com transmissão automática de seis velocidades, coisa efetiva, e não o sistema de polias variáveis. Motores 1.6 de 4 cilindros flex, frontais e transversais. Um aspirado, 122 cv, outro turbo, 172 cv. Tem tudo (formas, conteúdo, acertos, preços) para ser queridinho do mercado.

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Montadora ou fabricante: quem é quem? >> Há uns anos houve a generalização do uso do termo ´montadora´ para caracterizar a atividade de fazer veículos. Jornalistas, consumidores, até executivos das fábricas de automóveis, sem maior pensar, adotaram-no para rotular sua operação. Leitor atento já percebeu que a nossa coluna trata o negócio sob dois rótulos: Montadora é a empresa sem atividade de produção de componentes. Encomenda-os a terceiros, manda as especificações, recebe as peças e faz a montagem sob sua responsabilidade. É atividade superficial, como a já realizada no Brasil desde o início do século passado, com Ford, Chevrolet, Fiat, Chrysler, International, FNM, Willys, Nash, Nissan, Studebaker, VW, até o final dos anos ´1950 quando o projeto de implantação da indústria automobilística exigiu altíssimo percentual de partes nacionais. Por processos e custos, as de maior valor agregado foram produzidas pela marca do veículo. Chassi ou monobloco, motores, transmissões, estamparia de chapas, às vezes até estofamento, em boa parte feitas em casa, complementada com auto-peças fornecidas por empresas especializadas. Como negócio, implantar tal estrutura demonstrava seriedade de propósitos. Diferença sensível: para montar, bastam galpões e linhas de agregação de partes fornecidas por terceiros. É o praticado no Uruguai, onde se especializaram na montagem. Hoje nos fornecem Kia Bongo, Peugeot Expert e Citroën Jumpy. Para fabricar, praticar o ofício da transformação, o uso da química e da física, como construir motor e transmissão, exigem-se investimentos muito maiores, e é este o denominador a separar quem veio para ficar, e os que podem ter vida fugaz. Na prática e no entendimento: montadora é quem junta partes fornecidas por terceiros e monta um veículo. Fabricante é degrau superior: produz componentes, e agrega tudo para formá-lo.

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RODA-A-RODA

ARKANA – Curiosamente a Renault escolheu o Salão de Moscou para exibir seu futuro produto, o Arkana. Rússia é mercado menor que Brasil.

CUSUV? – Renault aposta no futuro do caminho aberto pelos SUV da família 6 BMW, utilitário luxuoso com a extremidade posterior do teto garroteada para aproximar-se da cintura. Uma salada estilística: SUV, cinco portas ´acupezado´.

Renault Arkana: brevemente por aqui também
Renault Arkana: brevemente por aqui também

MAIS – Será veículo global, iniciando no Brasil a nova plataforma CMF-B, abandonando a velha e honesta BO, base de Logan, Duster, Oroch e Captur. Motorização possivelmente da família TCe, 1.3 com 4 cilindros, turbo, injeção direta com uns 150 cv. Iniciando novo ciclo para 2020.

TAMBÉM – Para aumentar o poder de competição do City, Honda caracterizou modelia 2019 com apelo à conectividade: sua central multimídia é compatível com Apple CarPlay e Android, e aplicada à versão EX.

COMO – Produto é oferecido em cinco versões: DX e seu pouco demandado câmbio manual (R$ 62.500); Personal (projetado para crescente segmento de mercado, o de Pessoas com Deficiência, a R$ 68.700); e LX, EX e EXL, entre R$ 74,200 a 85.400. Tempos difíceis, equipamento eletrônico caracteriza modelo. Nissan cometeu o mesmo.

NO OLHO – Citroën apresentou o Cactus, Volkswagen, no outro dia, distribuiu texto e fotos do T-Cross, uma espécie de Tiguan menor. São concorrentes. Como só o terá próximo ano, tenta colocar clientes em dúvida, entre receber um agora ou esperar pelo outro. Copiou até a cor do lançamento, o azul.

ENCONTRO – Brasil e Argentina assinaram acordo para Convergência Regulatória. Em tese, unificar equipamentos de segurança e data de obrigatoriedade de aplicação nos dois países.

FREIO – Quando países do terceiro mundo, tão sensíveis a argumentos de fabricantes de veículos, se valem de firulas para explicar coisa séria, é para tomar doses industriais de cautela. O ESP, equipamento de estabilidade, vem tendo uso adiado exatamente por conta de encontrar uma data comum. Dizem, 2020.

O OUTRO LADO – Toyota festeja ter participado, com Projeto Ambientação, da economia de 698 milhões de litros d’água medidos em oito anos em cidades do interior paulista. Parceira da Fundação Espaço ECO, propõe soluções sustentáveis para reduzir consumo de água, energia e gerir resíduos.

RESGATE – Há 30 anos, o cineasta Francis Coppola fez filme sobre o coerente, criativo, corajoso e romântico Preston Tucker, criador de carro revolucionário, abatido pelas então três grandes, Ford, GM e Chrysler. Aqui foi chamado ´Tucker, um homem e seu sonho´.

Cartaz do filme
Cartaz do filme

PRÁTICA – O badalado Pebble Beach Concours d’Élegance, em Carmel (Califórnia/EUA), no fim de semana passado, melhor exemplo de qualidade de veículos expostos e competência para organizar, remasterizou o filme em Blu-Ray+Digital 4K Ultra HD, e o apresentou como introdutório a palestras sobre a marca.

FOCO – Rasa a visão dos organizadores de eventos de automóveis antigos no Brasil: contentam-se com a plasticidade dos veículos imóveis e deixam de resgatar e contar histórias. Exceção honrosa para o “Carro do Brasil”, limitado aos automóveis nacionais e então organizado em Brasília.

O MAIS – Famoso leilão em Monterey, durante a semana santa do automóvel, cravou novo recorde mundial para veículos antigos: uma Ferrari 250 GTO com carroceria moldada pela Scaglietti. Disse a leiloeira RM Sotheby’s ser “o carro mais importante, desejado e lendário da história do automóvel’’.

SURTO – Leilão iniciou-se com preço base de US$ 35 milhões, mas avaliações anteriores discrepavam entre US$ 20 e US$ 60 milhões. A diferença mostra o desvario. Foi arrematado por 44 milhões de dólares! Com a comissão do leiloeiro, gerou cheque de US$ 48,4M. Comprador não identificado. É a terceira da série de 36; uma das sete com carrocerias feitas por Sergio Scaglietti, e considerada uma das mais originais.

Ferrari GTO, dos clássicos, o de maior valor
Ferrari GTO, dos clássicos, o de maior valor

DETALHES – Motor 3.0/V12; 286 hp de potência, 34,2 kgf.m de torque, caixa de transmissão manual de 5 velocidades, tração traseira. Pesa apenas 880 kg e é uma alegria para dirigir ao chegar aos 100 km/h em 4,4 segundos, atingindo 280 km/h de velocidade final. Dados de 1962!

FINOR – Verbete criado por ex-diretor do Veteran Car de Minas Gerais, organizador do mais elegante evento de veículos antigos no Brasil, bem descreve o majestático cenário do Grande Hotel, sua volumetria, jardins de Burle Marx. Ali reúne-se a essência da qualidade dos antigos no Brasil.

DE NOVO – Neste ano, pela greve dos caminhoneiros, a grande praga do ano, festa foi abortada na véspera do longo feriado de Corpus Christi, e adiado para o entorno do 7 de setembro. Será a partir da próxima quinta feira, de 5 a 9, com patrocínio da Renault.

LEILÃO – Um dos diferenciais do evento é o pioneiro e tradicional leilão. Inscrições para participar se encerraram pela capacidade máxima e catálogo digital com os veículos disponibilizados à venda está em www.issuu.com/leilaoaraxa/docs/catalogo-digital. Há opção de lances ´on line´. Sobre o evento acesse: www.brazilclassics.com.br

Cartaz com Alfa Romeo à venda
Cartaz com Alfa Romeo à venda

GENTE – Bruce McLaren, neozelandês, piloto e construtor, lembrança. McLaren São Paulo, representante da marca por ele criada e produtora de esportivos nunca imaginados, festeja data com número áspero: 79 anos de seu nascimento. McLaren passou há 48 anos, em desastre num protótipo. Dele há um documentário: “McLaren, o homem por trás do volante”. OOOO Laura Schwab, inglesa, novidade. Primeira mulher a presidir a Aston Martin em 105 anos de história. OOOO João Batista Mattosinho Filho, brasileiro, engenheiro, ganhou prêmio. Era diretor de produção de 80 mil unidades/ano em fábrica da Jaguar em Castle Bromwich, Inglaterra. Resgatado aos trópicos, será diretor de manufatura da Jaguar Land Rover em Itatiaia (RJ). Não é fábrica, mas linha de montagem de poucas intervenções e números. Aparentemente quase férias bem remuneradas à sombra do pico das Agulhas Negras; do Parque de Itatiaia; ao lado das agradáveis Penedo e Visconde de Mauá. OOOO (Os artigos assinados por colaboradores desse site são de inteira responsabilidade dos seus autores. A editoria geral desse veículo, necessariamente, não concorda com todas as opiniões aqui expressas. Texto desta coluna tem autoria do jornalista Roberto Nasser)