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buru-rodas

Jaguar XE: um inglês contra os alemães

Segmento mais lucrativo do mercado nacional, o dito Premium, onde Audi, BMW e Mercedes marcam maiores vendas em modelos A3 e4, Series 3 e Classe C, tem novo concorrente: o XE da Jaguar. Automóvel é marco industrial e sua tecnologia servirá a outros produtos, em especial pelo intensivo uso de alumínio na plataforma: 75% da estrutura aplica o metal leve em lugar das chapas de aço. A tecnologia permite reduzir peso, consumo, emissões, com ganhos em performance. O fabricante britânico (a marca é controlada pelo indiano grupo Tata) se aplicou com coragem ao novo produto, incluindo aerodinâmica. O XE tem coeficiente 0,26. É o mais leve dos Jaguar já produzidos. Para o Brasil serão importadas quatro versões idênticas em estrutura mecânica, liderada pelo motor L4, 2.000 cm³, turbo, 240 cv e 34 kgf.m de torque, ligado a caixa automática de 8 velocidades e tração traseira. São elas: Pure (R$ 169.900); Pure Tech (R$ 177 mil); R-Sport (R$ 200 mil). A de topo, “S” que vem com motor V6 de 3.000 cm³, com compressor volumétrico e 340 cv, tem preço desmesurado: R$ 99 mil a mais sobre o quatro cilindros superior. Direção com assistência elétrica e suspensões com pretensões esportivas. Muita eletrônica para serviço e divertimento, interior em couro verdadeiro e na versão superior, o head up display tem projeção na face interna do para brisas, em frente ao campo visual do motorista com informações sobre carro e deslocamento.

Jaguar XE: enfim, a marca se apresenta ao mercado
Jaguar XE: enfim, a marca se apresenta ao mercado

Respira-se entusiasmo na representação local, projetando mais que dobrar a participação da marca. A Jaguar vende em média 1 automóvel por dia e do XE quer 600 vendas ao ano.

Cardápios >> 2.0 Si4 Pure (R$ 169.900): Versão de entrada com os básicos de veículo de luxo: bancos em couro; volante multifuncional; sistema Stop/Start; monitoramento de pressão dos pneus; faróis xênon; luzes diurnas em LED; sistema de tração All-Surface Progress Control, Jaguar Drive, sistema de navegação e som Jaguar com 6 alto-falantes e sensor de estacionamento traseiro. (Falta tela para manobra).

2.0 Si4 Pure Tech (R$ 177.000): É o início da razoabilidade de conteúdo, com teto solar elétrico, inclui câmera traseira para manobras de estacionamento e sensor de chuva para os limpadores de para-brisa.

2.0 Si4 R-Sport (R$ 199.900): Um pacote indicando acertos mecânicos e adições estéticas para condução esportiva, embora em aceleração e frenagem sejam iguais aos modelos de menor preço. Decoração, bancos esportivos, R-Sport gravado em partes do carro, saias laterais, novos para choques, aerofólio traseiro. E mimos eletrônicos como memória para regulagem dos assentos frontais, coluna de direção com ajuste elétrico, rodas aro 18”.

XE S (R$ 299.000): Esportivamente superior, pelo motor V6 3.0 com compressor gerando 340 cv e 45 kgf.m de torque. Faz de 0 a 100 km/h em 5,1 segundos, o mais rápido dentre os deste porte. Único com head up display. Os motores ainda são Ford, ex-dona da Jaguar. A nova geração “Ingenium” ainda não chegou ao Brasil.

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Primeiro Encontro Nacional Simca: um marco no antigomobilismo >> Fazer grupo de interessados em marcas antigas e já produzidas no país, exige paciência e dedicação. Organizá-los para veículos recentes, Fiat, Opala e VW é fácil ante a enorme frota remanescente, outras, uma mão de obra! Inexistem, por exemplo, grupos ou clubes para Aero-Willys ou FNM 2.000/2.150, os JKs. A Simca está na relação de dificuldades. Aficionados reunidos em torno do site www.simca.com.br há tempos buscam fazer encontro nacional para festejar o espírito gregário e conhecer pessoalmente uns aos outros. Finalmente deu certo. O VIII Poços Classic Car, maior dos encontros realizados na agradável cidade mineira de Poços de Caldas (MG), transformou a ideia do 1º Encontro Nacional Simca em atração do seu evento.

1º Encontro de Simcas no VIII Poços Classic Car (Foto: Alexandre Goerl)
1º Encontro de Simcas no VIII Poços Classic Car (Foto: Alexandre Goerl)

Deu-se no último final de semana e reuniu 25 exemplares. A última tentativa foi no “Brazil Fiat Classics” em Araxá (também em Minas) em 2008 com 12 unidades. Colecionadores em amplo espectro, do Rio Grande do Sul a Brasília estiveram presentes e a organização teve o cuidado didático de convidar automóveis das versões produzidas pela Simca e sucessora Chrysler, expondo-as em ordem cronológica, permitindo aos visitantes noção evolutiva da marca no Brasil. O espírito não era de competição e o único prêmio atribuído foi por Léo Steinbruch, levando versão Présidence 1965, ao Jangada, restaurada por Antônio Guedes em Santo André (SP). Léo prestou homenagem ao irmão Fábio há pouco falecido, seu sócio na maior coleção de veículos nacionais. Além do excepcional modelo Jangada de Guedes, Marcelo Viana, mantenedor do site, levou modelo curiosamente igual. E de Jangada ainda havia raro exemplar de 1967, um dos 33 produzidos. Dentre outros, Ronaldo Pal com modelo 1961 sem restauração; Ruy Pereira num 1959, o mais antigo do país; Walmir Buzatto em Chambord 1963; excepcional Tufão 1965 com José Antônio Finco. Alexandre Goerl veio em Chambord 63 do interior do Rio Grande do Sul; Guilherme Gomes deu a conhecer produto de seus esforços para reviver Chambord 1962; Carlos Goicochea, de Vitória (ES) com excepcional modelo Tufão 1966. Mais recente, Esplanada 1968 por Wanderley Scavacini, ex-revendedor. Generoso, Aldo D’Abronzo pintou e reproduziu de versão Rallye 1964, automóvel de vitórias com Walther Hahn Jr. Este, e Renato Zirk, Samuel Marcantonio e eu fizemos pequenas palestras sobre o universo e a história da Simca no Brasil. Samuel, 86 anos, foi homenageado por ser o mais longevo dos colaboradores da Simca, tendo chegado à empresa antes mesmo de iniciar a produção no Brasil. Foi e voltou em Esplanada 1967, de uso desde 1971. O êxito promove decantação de propostas para o II Encontro, em 2016.

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RODA-A-RODA

NEGÓCIO – Diz o portal AutoData estar em via de assinatura o acordo comercial entre Brasil e Colômbia estabelecendo cotas para importação de bens isentos de impostos alfandegários. Em automóveis, em torno de 10 mil/ano. Solução parece encomenda para a GM, líder de vendas pela Colmotores, ex-montadora de jipes Austin Gipsy, Simcas 1.000, Chryslers…

NA PRÁTICA – GM Brasil estuda o intercâmbio. Lá produz Aveo, Sail e Spark, pequenos e de origem coreana. Renault produzindo Sandero e Logan com partes enviadas do Brasil, e mantém construção da boa perua Mègane.

MAIS – BMW mudará processo produtivo em outubro com linha de estamparia de partes em chapa e pintura na fábrica de Araquari (SC). Até agora mínima industrialização, com importação das carrocerias pintadas e montagem local.

KWID – Já em testes o Kwid, veículo de entrada da Renault no Brasil com missão de substituir o Clio. Tem jeito de sucesso, de carro forte, lembrando um SUV, porém, sem dimensionamento para aventuras. Argumento maior, preço. Hoje o Clio é o mais barato dos nacionais. Terá motor 1.0 de três cilindros, 77 cv da associada Nissan e partes de outros Renault para conter custos.

Kwid: Renault compacto para grande volume de vendas deverá chegar em 2016
Kwid: Renault compacto para grande volume de vendas deverá chegar em 2016

MUDANÇA – Com ele a Renault tem grandes pretensões. Como já informamos anteriormente, mandará para Santa Isabel, na Argentina, a construção do Sandero, o mais vendido da marca, e o Logan, abrindo espaço industrial para produção em massa. Terá no Brasil o Kwid, o Duster e o novo picape Oroch.

REFERÊNCIA – Os carros de testes são protótipos para o mercado indiano, pois o Kwid é para ser projeto barato a mercados pobres e em desenvolvimento. Entretanto, dentre as discrepâncias de comportamento do consumidor brasileiro, aqui terá mais equipamentos e cuidados construtivos. Como ocorre entre o Duster europeu, mais simples ante o nacional.

DESAFIO – Carros submetidos à análise de jornalistas são usualmente O Km ou quase, tentativamente bem revisados e no ideal de cumprimento das especificações técnicas. JAC, chinesa, esperando definições econômicas para erigir fábrica, quer mudar isto.

CONCEITO – Para provar a resistência construtiva dos veículos, recolhe em seus revendedores carros com 90 mil a 100 mil km rodados com revisões feitas em oficinas autorizadas. Quer submetê-los a avaliação dos profissionais do setor incluindo aferição de performance.

FESTA – BMW fomenta relações com cliente e futuros com o Ultimate Experience, juntando automóveis de sua marca, um circuito bem estruturado para impedir problemas com excesso de entusiasmo e proprietários atuais e futuros. Recente edição, na Fazenda Capuava (SP), fez recordes 750 test drives.

TEMPO – Sinotruk Brasil, fábrica de caminhões chineses a ser instalada em Lages (SC), mantém projeto, mas altera prazo alegando momento econômico delicado. Pediu para prorrogar o prazo ao Ministério do Desenvolvimento, e diz prever operação de montagem ao primeiro trimestre de 2017. Parece difícil.

BRILHO – Rodabrill, empresa de produtos para cuidados em automóveis vende Massa de Polir à base d’água e finalizador. Visa reduzir tempo no polir e encerar usando apenas um produto. Diz ser extra-fina e não abrasiva. Finalizador garante brilho imediato, dispensando a cera. A R$ 18,90.

INTERVALO – Há um espaço no automobilismo brasileiro de competição, entre o Kart e os monopostos para as temporadas locais ou externas. Nova categoria, a Fórmula Inter (de Interlagos) foi criada pelo investidor Marcos Galassi. O pacote de locação do automóvel e serviços por corrida custa R$ 11.990.

F-Inter: nova categoria de custos contidos surgindo no país
F-Inter: nova categoria de custos contidos surgindo no país

$$ – A ideia é conter custos. Cumprir a temporada custará abaixo das de Kart nas categorias superiores, e não é apenas alugar e correr, mas preparar-se pessoalmente para uma carreira. A F-Inter inicia em 2016, parte do Campeonato Paulista de Automobilismo.

AVAL – No curso, a Academia F-Inter, aulas de mecânica, dados, pilotagem, media training, marketing, com supervisão de Roberto Pupo Moreno, o Mirim, ex-piloto de Fórmulas 1 e Indy, com o título simpático de Reitor. Patrono, o sempre louvado Chiquinho Lameirão.

PRODUTO – Automóvel foi projetado e construído em São Paulo, pelo conhecido José Minelli, certificado por universidades, 95% das peças de construção própria. Esforço é para conter custos.

SEM AJUDA – Motor Ford, sem ajuda do fabricante, comprado em revendedor, 2.0, 4 cilindros, 16V, injeção direta, 191 cv e 21 kgf.m de torque. Transmissão de Kombi, engrenagens adequadas, 4 marchas. Velocidade final de 245 km/h. Pneus Pirelli 8” à frente e 11” atrás, rodas liga leve 13”, de produção própria.

GENTE – Jaime Ardila, colombiano, 60, Presidente da GM América do Sul, aposentadoria após 31 anos na companhia. O trunfo de reerguê-la ao 2º lugar no mercado e novos desafios ante o cenário atual fizeram a ocasião. OOOO Barry Engle, norte americano, 51, multi-visão, sucessor. Presidiu Ford no Brasil e New Holland em Turim, Itália, tendo começado como revendedor, tem larga visão e experiências de mercado, fala correntemente português e espanhol. OOOO Christof Weber, 49, alemão, responsável pelo desenvolvimento de caminhões na Mercedes-Benz, promoção: VP de desenvolvimento tecnológico. OOOO Antenor Frasson, engenheiro mecânico, ex Volvo, mudança. Diretor de vendas da DAF, nova fábrica de caminhões no Brasil. OOOO

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Audi: no Brasil há 80 anos >> Apesar de conhecida dos consumidores brasileiros há pouco mais de 20 anos, a Audi tem oito décadas de intimidade com o país. Chegou aqui em 1935 com elevada dose de história. O barão Claus Detlov Von Oertzen, então diretor geral da Auto Union na Alemanha, deixa o posto, sai da Alemanha, e é nomeado como importador da marca para todos os mercados abaixo do Equador, incluindo América do Sul, África do Sul, Ásia e Austrália. Aqui montou, em sociedade com outros três compatriotas uma certa Auto Union Brasil Ltda. Tinha sede no Rio de Janeiro, escritório na Rua México, oficinas na Bento Lisboa e Riachuelo. Auto Union era o grande guarda chuva sob o qual estavam as marcas Audi, DKW, Horsch e Wanderer. Negócio correu bem, solidificando-se na medida em que as marcas se tornavam conhecidas, em especial a dos pequenos carros. Wanderer, médio e Horsch, grande e luxuoso, faziam presença à altura dos concorrentes dos EUA dominando o mercado.

Audi type 225 de 1935, em cenário desejado por todos os carros de todas as marcas, o gramado do Pebble Beach Concours d’Elegance
Audi type 225 de 1935, em cenário desejado por todos os carros de todas as marcas, o gramado do Pebble Beach Concours d’Elegance

Literatura de época diz ter vendido 800 unidades até o período da guerra, quando cessaram remessas e a empresa foi fechada pelo Governo Federal ante o fato de ter alemães em sua composição. Reabriu enxutamente com novos controladores em 1947. Nos efeitos do conflito bélico Horsch, Wanderer e Audi se tornaram apenas registros históricos e tecnológicos, depuradas pela operação de sobrevivência. A marca reviveu em 1965 quando os carros Auto Union/DKW tiveram problemas no inverno suíço e a Volkswagen, então sua controladora, decidiu encerrar o histórico caminho dos motores com ciclo de 2 Tempos. Para colocar um novo motor de 4 Tempos produzido às pressas, mudou o nome do produto. Em lugar de Auto Union DKW F102, foi transformado em Audi. Daí em diante foi a marca sobrevivente em grande escala. Seu emblema com as quatro argolas relembra a base da Auto Union. (Os artigos assinados por colaboradores são de inteira responsabilidade dos seus autores. A editoria geral desse veículo, necessariamente, não concorda com as opiniões aqui expressas. Texto desta coluna: Roberto Nasser)