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O fator

VW T-Cross: para agradar às mulheres
VW T-Cross: para agradar às mulheres

Dirigi o Volkswagen T-Cross em exemplar de pré-produção no circuito particular da cinematográfica Fazenda Capuava, quase vizinha ao Aeroporto de Viracopos (SP). Creio que esta já seja a versão final, pois será apresentado no dia 25 e, logo após no Salão do Automóvel de São Paulo. Deverá estar à venda no final março de 2019. Passou a obrigatoriedade profissional de usar sedãs de topo, e meu carro de uns poucos anos pra cá é um VW Tiguan. Admirável e honesto: arranca, acelera, freia, faz curvas, oferece segurança ímpar com a tração permanente nas quatro rodas. E seus 200 hp pouco bebem. O desenho da minha vida tem-me tornado ´semi-zen´, ante a consciência da pouca consistência do meio ambiente para instigar a formação de imagem e outras bobagens sociais criadas pelo mundo do consumo. O novo Tiguan cresceu e o meu interesse diminuiu. Daí, tenho visto com muita simpatia o surgimento dos imaginados dois novos donos do segmento dos utilitários esportivos compactos. Refiro-me ao Citroën Cactus e ao VW T-Cross. Não os comparo, pois em ambos a experiência no conduzir foi fugaz. Antes conversei um pouco com o Pablo Di Si, argentino, ex FCA, hoje presidente da Volkswagen na América Latina. Passa o entusiasmo latino de quem sabe ter em mãos o produto certo para o público correto, no momento exato. E a certeza da necessidade de conter o entusiasmo quanto a preço. Parece ter razão. Além da adequação, ao uso de motores turbo com injeção direta (1.0/128 cv e 20 kgf.m de torque e 1.4/150 cv e 25 kgf.m), garantindo arrancada, velocidade e baixo consumo, existe ainda o bom acerto mecânico com câmbio automático Aisin de 6 velocidades e freios a disco nas 4 rodas. A VW balizou o circuito do então ex-piloto Cidão Diniz (Alah cuide dele) para evitar entusiasmos. A ideia era transmitir sensações de retas ascendentes, descendentes, curvas de amplo raio, longe do que o Cidão fazia o belo circuito completo com Ford GT 40 e Jaguar Lister. Andei com versão 1.4 e gostei. Há torque para sair e andar com suavidade. Motor e câmbio compatíveis, bem acertados, direção precisa, pequeno raio de curva, freios superiores. Transmite segurança mesmo provocando-o para adernar. Gostei no uso contido. No jargão da indústria automobilística é mais uma jabuticaba, ou seja, exclusivo ao Brasil, diferindo-se dos modelos a serem produzidos na Alemanha e China com mais 8,6 cm em distância entre-eixos (2,65 m) e 4,19 m de comprimento. Confortável aos passageiros do banco traseiro e com espaço de bagagem também maior. É mais alto ante o Virtus, cedente da plataforma. O motorista sentirá uns 9 cm entre altura livre do solo e trilho de seu banco. Altura faz parte da imagem de poder. Terá Park Assist e teto solar panorâmico, som, auxiliares de segurança de freios e estabilidade. Com ele a Volkswagen quer ser a melhor da turma. Está no bom caminho. Fim do teste, indagado, expus minha opinião: carro de mulher: posição superior; cuidado para resistir às imperfeições de nossas vias e estradas; andar confortável; quase suave. E minha dúvida: mulheres, entre compra e influência, o maior agente no setor, se satisfazem com um rodar assemelhado a andar de mãos dadas ou se gostariam de algo mais reativo, sensível, como um aperto com estamina e testosterona. Uma pegada viril? É a pergunta de um milhão de dólares, disse-me um executivo. Talvez o Freud saiba… Para isto, aguardemos o ectoplasma do Freud ou a voz do mercado. Quanto a mim, esperarei test-drive de maior intimidade e preços para decidir.

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Eclipse Cross: complemento importante >> HPE, nova denominação da empresa licenciada no Brasil para produzir veículos Mitsubishi, ampliou leque de produtos, fechando espaço de preços entre modelos ASX e Outlander. Fez isso com o Eclipse Cross, criado sobre o utilitário esportivo ASX. É bem desenvolvido, sem lembrar o veículo base, o ASX. Feito no Japão, cunha para atualização tecno-mercadológica, iniciando uso de nova família de motores, reduzidos em peso, volume e cilindrada: 1.5, 16 válvulas, 165 cv e 25,5 kgf.m de torque. Fábricas de automóveis tentam arrancar mais e mais potência confiável e longeva de motores pequenos. Toyota já empregou, Audi o faz e Mitsubishi adotou a dupla injeção de combustível: de acordo com a demanda, injeção no coletor de admissão; demanda adicional de potência sobre a cabeça dos pistões. Mercedes em outro caminho: turbo elétrico auxilia o principal. Transmissão discrepa do avanço técnico, mas é de lógica empresarial por seu baixo custo ao entregar uso assemelhado ao de uma transmissão automática. Novidade na caixa de câmbio é o exclusivo sistema Super All Wheel Control (S-AWC), de acoplamento eletromagnético, como o eram os EcoSport 4X4 da geração anterior. Há, ainda na versão de tração total, o Active Iaw Control, otimizando o torque entre as quatro rodas. Sua tração não é para arrancar toco, mas para dirigibilidade em locais de baixa aderência.

Eclipse Cross: início de novo caminho
Eclipse Cross: início de novo caminho

Não é releitura do ASX, mas novo projeto. Solução feliz ou não em suas linhas com rococós de olhos puxados, é marcante. Frente ampla, sugerindo poder, insertos cromados, grade assumindo a nova identidade visual. Dá a impressão de aproveitamento da traseira do Honda Civic, trocando vermelhos por cromados e de ter sido desenhado em cidades distantes. A traseira invoca o antigo Citroën C4 VTR, cuja característica mais evidente era a janela posterior dividida e com uma espécie de degrau. No Eclipse, parte das luzes traseiras adentram pelo degrau suspenso. À tentativa de mesclar conceitos deu-se o nome de Dynamic Coupé. Independentemente de opiniões subequatoriais, ganhou o Prêmio “Good Design” pelo Museum Athenaeum de Arquitetura e Design de Chicago. Deve ser visto como produto voltado à donas de casa nos EUA. A decoração é cuidada, o conforto de rolagem, a vedação termoacústica chamam atenção para o refinamento pelas peças em cinza metálico e painéis de toque amigável em ´Black Piano´. Conquista da categoria, faróis e luzes traseiras em LED, sensores de chuva, acendimento dos faróis, aviso de mudança de faixa, sensores frontais e posteriores para estacionamento e câmera de ré, freio de mão eletrônico. Duas versões, tração em duas e quatro rodas: HPE-S S-AWC e HPE-S, seguindo moda atual de pré-venda. A R$ 150 mil e R$ 156 mil. Esqueça a primeira.

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Mercedes melhora o Classe C >> Mais vendido de seus modelos em todo o mundo, Mercedes-Benz o revitalizou para o segundo ciclo de vida da atual carroceria. Mantém-no identificado com o topo de linha Classe S, incluindo equipamento eletrônico e de segurança. Nova grade, faróis frontais por canhões de LED, grupo óptico traseiro com idêntica tecnologia, painel mudado, controles no volante. Interior solidamente modificado, com novidade de madeira porosa em 3D.

Novo Classe C mudou em estética, eletrônica, segurança e motor
Novo Classe C mudou em estética, eletrônica, segurança e motor

No pacote, motor 1.6 DOHC turbo ganhou adicional turbo elétrico, gerando novos 17,5 cv. Mantém o câmbio automático com nove velocidades. Na Europa o seu aumento de preço foi mínimo e aqui ainda é assunto sob chaves, até a apresentação do produto. Antecedendo ao Salão, a festa será no próximo dia 9 de outubro.

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Quer um Kia Stinger GT? Corra! >> A marca fechou importação de lote inicial de apenas 20 unidades, chancelado pelo festejado Emerson Fittipaldi, ao tempo do dólar cotado a R$ 3,35. Com isto a série inicial, como relatou nossa coluna da semana passada, ficou restrita enquanto não houver pacificação do mercado, com unidades precificadas em R$ 350 mil. É o mais potente dos Kia, tracionado por motor dianteiro, V6/3.3, biturbo, 370 cv de potência, hábil a acelerar da imobilidade aos 100 km/h em 4,9 segundos e cravar velocidade final declarada em 270 km/h. Transmissão automática de oito velocidades e tração traseira.

Kia Stinger GT: apenas 20 unidades
Kia Stinger GT: apenas 20 unidades

Para cultuar o Deus da Performance, um pouco de promoção: as duas dezenas de unidades portam placa identificativa no painel de instrumentos contando ser parte da “Launch Edition by Fittipaldi”. É numerada e assinada pelo bicampeão da Fórmula 1, recepcionando convidados com José Luiz Gandini, presidente da Kia.

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RODA-A-RODA

MAIS – Jetta recém lançado terá próxima versão superior: GLi, motor 2.0 TSi com 230 hp, câmbio automático DSG 6 velocidades, suspensão traseira Multilink, como nos Golf importados.

MENOS – Surpresa o primeiro contato com o Jetta. Pra barato não serve, e na versão de entrada R$ 110 mil, surpresa na ausência de itens mandatórios na configuração: alavanquinhas para acionar a transmissão automática, as pernósticas “paddle shift” e saída de ar-condicionado aos passageiros do banco posterior. Economia besta, desvaloriza o cliente.

PRÉ-SUCESSO – Nem entrou em vendas e o Citroën C4 Cactus colhe dois resultados surpreendentes: 800 pré-vendas; elevado tráfego nas revendas, igual a 2002, quando, com um produto, o C3 detinha 3% do mercado. Hoje 0,8%.

PROJETO – Segundo Ana Theresa Borsari, diretora-geral das marcas Citroen/DS, modelo deve ser responsável por crescimento de 50% da marca no próximo ano.

TRAVA – Moda bloqueia as vendas. No caso, a pintura saia-e-blusa, agora chamada ´Bi Ton´, representando 35% das vendas, gera pororoca industrial, exigindo operações lentas e manuais, detendo a velocidade de produção, limitada a 21 mil em 2019.

EXEMPLO – Promessa foi desdobramento de pronunciamento de Linda Jackson, inglesa, CEO da Citroën, sobre os bons números mundiais da marca.

VIDA – Por ter passado um ´tweet´ dizendo de seu interesse em fechar o capital da Tesla, fábrica de veículos elétricos da qual é maior acionista e era CEO, Elon Musk foi intimado por órgão federal a pagar multa pessoal de US$ 20 milhões e se afastar do cargo por três anos. Empresa também recolherá US$ 20 milhões em multa. O ´tweet´ foi considerado ativador do mercado de ações.

ECOLOGIA – Seguindo exemplo do mercado, VW Caminhões e Ônibus iniciou reciclar 100 componentes. A operação tem o nome “Volks Greenline”. Motores, cabeçotes, turbocompressores, injetores, etc…

BOLSO – Ideia é reduzir o custo de operação e fomentar sustentabilidade. Ao cliente redução de custo em até 40% relativamente à peça nova. Antigas devem ser entregues.

MARCO – Ford Modelo T não foi o primeiro automóvel útil no mundo, mas abridor do caminho para democratizar o seu uso. Foi lançado há 110 anos. Era simples, de construção econômica, mas apenas mais um em nascente atividade.

Ford T, criatura. Henry Ford, o criador
Ford T, criatura. Henry Ford, o criador

CAMINHO – Cinco anos após, distinguiu-se com projeto de padronização de operações, a Linha de Montagem. Tornou-se a primeira marca internacional, foi largamente exportado, plantou operações de montagem mundo afora. Então, um em cada dois automóveis produzidos no mundo, um era Modelo T.

AQUI – Iniciou ser montado em 1918 na Bahia, embora a marca insista dizer ter sido em 1919 em São Paulo. Na verdade fática, na capital paulista foi em 1920.

PARIS – Salão do Automóvel em Paris requer a láurea de ser o mais antigo do mundo, por isto não se chama Salão, mas Mundial do Automóvel… Para abrir a 120ª edição, organizou grande carreata pela capital francesa com 120 veículos representando os que lá estiveram expostos.

CARONA – Citroën aproveitou a ocasião, e iniciou ali comemorar o seu centenário, a ocorrer em 2019. Expôs carros da marca. Fácil: seu ´conservatoire´ tem enorme acervo e incluiu veículos novos. Aqui fará exposição itinerante pelo país. Coisa restrita, três veículos e painéis contando a história.

GENTE – Stefan Ketter, brasileiro, ex-presidente da FCA, implantou a fábrica Jeep em Pernambuco e elevou qualidade dos produtos FCA, deixou a vice-presidência da empresa. Crê-se, decisão por frustrada expectativa de suceder Sergio Marchionne, CEO recentemente passado. Mudanças em cascata. Sucedido por Scott Garberding. Este, por Richard Schwardwald, carioca, 59, engenheiro, brasileiro, ex-VW e ex-FCA. Dirigia a ´Qualidade´ da FCA para América Latina e será diretor global na área. Para seu posto, Geraldo Barra, 41, mineiro. OOOO Freddy Audebeau, francês, novo vice presidente financeiro (CFO) no Groupe PSA. Morou na região entre 2012 e 2016. OOOO Domingos Boragina, diretor desde sempre na Citroën, responsável pela formação de rede, outros interesses. PSA está cortando os ossos para conter custos. Efervesce mercado de assessores de comunicação. Outra boa vaga abrir-se-á em breve. A da Ford ainda não foi preenchida. OOOO (Os artigos assinados por colaboradores desse site são de inteira responsabilidade dos seus autores. A editoria geral desse veículo, necessariamente, não concorda com todas as opiniões aqui expressas. Texto desta coluna tem autoria do jornalista Roberto Nasser)