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O Salão do Salón

Salón del Automóvil em Buenos Aires encerrar-se-á na segunda-feira (20/6). Festa na cidade, intensa divulgação. Automóveis têm profunda ligação com os argentinos, apesar de o pioneirismo na importação no continente tenha sido pelo Brasil. Está na 8ª edição, 2ª série e vem crescendo. Neste ano, quatro galpões, pista de testes construída no picadeiro equino, 30 mil m² de área. Está na La Rural, particular sociedade de estancieiros, melhor área para exposições. Apesar da proximidade e semelhanças, a Argentina tem sistema industrial diferente, com menores barreiras artificiais para importação; sem utilizar álcool como aditivo a gasolina; sem exigências de adequação o mercado conta com maior quantidade de marcas e tipos, incluindo chineses. Alfa Romeo, por exemplo, nunca parou de comercializar por lá. Aqui as necessidades de calibração, homologação, o dimensionamento continental impedem a retomada. Outras marcas lá presentes e não vendidas no Brasil, os produtos ingleses Caterham e a marca Lotus, hoje controlada pela chinesa Geely, dona da Volvo. Retorna ao mercado por importador representante. Presentes à mostra, a Chery exibiu o Tiggo 2 e Arrizo 5, já conhecidos no Salão de São Paulo em 2016. Lá, como cá, promete lançamentos em poucos meses. Citroën exibiu produtos novos, importados, distantes da realidade nacional como o Cactus 4 e o Mehari, seu antigo jipe/picape renascido e elétrico. DS, nova marca PSA em rótulo Premium, com modelos 3 e 4, além do 7 Crossback antecipado na recente posse de Emmanuel Macron, o presidente francês. Aqui, DS deu um tempo, mas voltará com postura e rede própria. Peugeot prometeu vender breve novos 3008 e 5008, e expôs produtos marcantes de sua história no país, os modelos 403, 404 e 504.

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Honda exibiu esportivo NSX, segunda edição, sem chances de vir ao Brasil. Na primeira atribui-se a Ayrton Senna a linha filosófica. Sob análise, Civic R e Si, este com maior possibilidade de retomada de importações. Novidade maior da VW foi o Golf R, sem chances de vinda a nosso mercado e, na parte prática, a picape Amarok com motor V6. Será, até o surgimento da picape Mercedes-Benz com motor de igual disposição, a mais potente e cara da categoria. Junto havia o SUV Atlas, sucessor do Touareg de 7 lugares. Geely, chinesa saída do Brasil, apresentou SUVs X7 com preço equivalente a R$ 78 mil e R$ 100 mil. Atração maior furou expectativas. Acima de Ferrari e Maserati, Pagani Zonta Revolución, mantido em Miami na coleção do bilionário argentino Pérez-Companq, marcou mas não foi, barrado pela alfândega dos EUA.

O Brasil e o salão argentino >> Em visão prática, a mostra portenha equivale a um pequeno Salão brasileiro. Realizado nos anos ímpares, oferece ocasião para apresentar novidades. Conclusão clara pelos lançamentos nacionais feitos fora de casa: Renault Kwid e Ford EcoSport. Categoria especial, Chevolet Equinox, importado do México para ambos os países; Fiat Argo aqui lançado há dias; e as picapes Renault e Mercedes, baseadas na Nissan Frontier a ser produzida na Argentina a partir de 2018; VW Amarok com motor V6/3.0, mais potente ao sul do continente, já à venda na Argentina. Aqui somente no terceiro trimestre. Dos trinta lançamentos entre modelos e versões, interessam-nos diretamente: RENAULT KWID – Degrau de entrada da Renault para tornar-se marca de utilitários esportivos. Embora o Kwid seja um hatch, será visto pelo público na ampla e pouco definidora categoria de ´jipinhos´, como dizem neo-jornalistas não especializados, deitando falação sobre o tema. Categoria é a nova queridinha da indústria automobilística, Fiat e Ford tem diretoria para tratar com os não-entendidos. Brasileiro, feito no Paraná, três versões: Life; Zen; Intense. Desde a primeira quatro airbags na parte frontal; duas ancoragens Isofix para cadeirinhas de criança no banco traseiro, indicador de troca de marchas, pré-disposição para som. Zen é progressão: direção elétrica, ar-condicionado, vidros e travas elétricas. Intense é a mais agradável, acrescentando rodas de liga leve, chave tipo canivete, câmera de ré e tela com navegador. O motor 1.0 SCe de 3 cilindros andou em marcha a ré. Potência anterior, 82 cv e 10,5 kgf.m de torque foi reduzida pela supressão de um comando de válvulas e gera 70cv e 9,8 kgf.m. Aparentemente visa cliente a quem preço tem maior peso ante o design. Vendas em agosto.

Renault Kwid: em breve à venda no Brasil
Renault Kwid: em breve à venda no Brasil

//// FORD ECOSPORT – Frustrou quem esperava ampla reformulação para habilitá-lo a galgar posição e vendas perdidas. O EcoSport foi líder no segmento e a Ford dormiu sobre os lucros, deixando-o defasado ante a agora enorme concorrência. Perdeu liderança, posições no mercado, escreve balanços com tinta vermelha. Trato frontal para lembrar o Edge, segundo degrau nesta escala, melhores materiais no interior, novidade de tela saltando do painel, motor menor, 1.5 de 3 cilindros e 2.0 com 4 cilindros e 170 cv. Para agradar comprador do Mercosul, mantém estepe externo, e o trato geral foi definido para o norte-americano, onde entrará como o primeiro Ford na categoria. Em tal postura, tomou cuidado: trocou o câmbio. Em lugar do sistema com duas embreagens, problemático, objeto de ações de indenização por sete mil clientes nos EUA, aplicou um alemão, Getrag, automático de seis marchas. No Brasil vendas em agosto. //// CHEVROLET EQUINOX – Imaginado como substituto do Captiva, foi mostrado como de convívio com o modelo em questão. Sobre plataforma do Cruze, chegará com motor 2.0 turbo, 262 cv, transmissão automática de 9 marchas e tração total. Quer ficar acima da dezena de Crossovers no segmento, concorrer com Honda CR-V e Toyota RAV-4.

Picapes, outro mundo >> Fabricantes transformaram a Argentina em capital sul-americana das picapes. Por lá, 11% das vendas são do tipo, aqui 5%. O país produz a Toyota Hilux, Ford Ranger, VW Amarok, Renault cedeu espaço na pioneira planta em Santa Isabel para a Nissan produzi-los. Marca japonesa iniciará processo novo: uma linha de produção para três marcas: Nissan, Renault e Mercedes-Benz, duas últimas estreando no negócio. A base é a picape NP300, no Brasil tratado como Frontier, fornecendo a base mecânica, chassi e grupo moto propulsor às marcas em aliança, Nissan e Renault devem tê-la com pequenas mudanças estéticas.

Picape Mercedes-Benz: marca alemã promete que ela será a mais potente e luxuosa do mercado brasileiro
Picape Mercedes-Benz: marca alemã promete que ela será a mais potente e luxuosa do mercado brasileiro

Mercedes dará trato interno e externo para caracterizá-lo como a único picape Premium no mercado. Inicialmente motor comum, Nissan, diesel, 4 cilindros, 2.3, dois turbos, 190 cv. No Mercedes-Benz, a médio prazo crê-se opção V6, também diesel 3.0 de 262 cv, para ser mais potente na categoria. No ´Salón´ exibiu dos protótipos. Vendas em 2018.

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RODA-A-RODA

EM CASA – Família de Maurício Macri, presidente argentino, tem nova representação chinesa. Além da Chery, a DFSK, de pequenos utilitários é uma joint venture entre a poderosa DongFeng, sócia da PSA e Sokon Motor.

SIMPLES – Apesar da tradição do grupo, ex-fabricante de Peugeots e Chevrolets na Argentina, o ato de representar a marca se resumirá a importar e assistir, sem produzir nada localmente.

FUTURO – Para fomentar vendas de veículos ecológicos, governo argentino reduziu impostos: 6.000 unidades por três anos. Híbridos pagarão 5%; elétricos e por célula de combustível, 2%. Se montados no país, estarão isentos.

ZANELLA – Durante 40 anos fabricando motocicletas, a argentina Zanella construirá caminhões pequenos com tecnologia e partes chinesas. Será o “Ztruck”.

DE VOLTA – Daniel Buteler, argentino, e no Brasil ex-GM, ex-vice diretor comercial da Mercedes e ex-presidente da Audi, volta ao negócio. Lidera representação da Lotus.

NA MOSCA – Renault informou preços do seu Kwid. Ênfase na segurança, todos com quatro airbags e duas ancoragens Isofix no banco traseiro: R$ 29.990; R$ 34.990 e R$ 39.990.

INSCRIÇÃO – Empresa abriu lista de interessados nos revendedores: R$ 1.000, entrega em agosto. Se a compra envolver financiamento da marca, extensão da garantia a 5 anos. Vai comprar? Escolha a versão superior.

EQUILÍBRIO – Ponderou o pacote acuradamente. Daí simplificar o motor de 1.0 de 3 cilindros retirando um comando de válvulas para reduzir custos e obter torque em menor rotação, facilitando deslocamento urbano.

FÓRMULA – Marca aposta no reduzido peso, apenas 800 kg, para obter resultado dinâmico e de consumo com 66 cv e 9,4 kgf.m de torque – os menores do mercado. Disposição de automóvel se mede pelo número de quilos a ser deslocado por cada hp. No caso pouco mais de 11 kg/cv.

TECNOLOGIA – Com itens de segurança o Kwid pesa menos ante o antigo Uno. Novos materiais e 80% de peças diferem do modelo indiano, barrado no teste de impacto do EuroNCAP. Renault mudou até câmbio para reduzir o peso.

ALÉM – Aparentemente o ectoplasma do Colin Chapman (1928-1982), criador dos Lotus e da prática da máxima redução de peso colaborou no projeto…

CORTE – HPE, produtora dos Mitsubishis no Brasil, cortou mais 60 empregados na sua fábrica em Catalão (GO). Queda geral nas vendas reduziu produção e exigiu adequação de pessoal e de gastos. Operação é 100% brasileira, bancada pelos sócios, sem matriz para socorrer.

SOCIAL – Demissões geram problema na cidade goiana, de economia assentada em mineração e agropecuária. A HPE, motivo de orgulho local, era a melhor empregadora e, em Catalão, postos com tal especialização são restritos.

MÉTODO – Para se fazer presente num mercado com participação das grandes marcas mundiais, a argentina YPF implantou o “Conte com YPF”, linha direta a profissionais da lubrificação. Rápido e sem custos, tira dúvidas na hora: 0800 70 30 990, WhatsApp 011.971 885.773 ou eMail contecomypf@ypf.com

CONTRA PONTO – Tomara que funcione. Quando se demandam informações em outro fabricante de óleos, a Castrol, não há resposta.

CUORE – Neste final de semana, Encontro Alfa Romeo em Caxambu (MG). Mais de cem veículos inscritos, dos sólidos caminhões aos fluidos Spyder. Reunião de camaradagem. Slogan Alfa é Cuore Sportivo. Nada a ver com a grade triangular, mas com o inerente espírito performático. (Os artigos assinados por colaboradores são de inteira responsabilidade dos seus autores. A editoria geral desse veículo, necessariamente, não concorda com as opiniões aqui expressas. Texto desta coluna: Roberto Nasser)