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buru-rodas

Volkswagen vai direto à fonte

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Automóveis e toda a malha da mobilidade, de bicicletas ao mais moderno avião da Boeing, são feitos por atividades internas e pela compra de peças a fornecedores externos. E fábricas não têm mais estoques, exceto coisas emergenciais. Partes são encomendadas a fornecedores pré-testados e aferidos, chegando à linha de montagem na hora e na sequência de instalação nos veículos em produção. Processo prático por liberar a cliente de fazer partes fora de sua especialidade, por não gerir estoque e transporte interno, mas extremamente angustiante pela rigidez do acompanhamento da qualidade, da ordem e da chegada. O fabricante das auto-peças não produz todos os componentes do produto; às vezes nem o faz, ganha o contrato e barganha comprar com terceiro fornecedor, daí alguns dos misteriosos defeitos. Volkswagen e Fiat tiveram sérios prejuízos há pouco tempo quando novas empresas externas adquiriram fornecedores nacionais e, razões ou não, à parte, delongaram ou suspenderam entrega de componentes. Fiat, latinamente, compôs-se em conversa. VW, sem latinismos, foi para a Justiça. Os adquirentes dos fornecedores mundiais com sede na Bósnia, parte da antiga Iugoslávia, talvez pelo entusiasmo do capitalismo de pouca idade, para negociar preços, têm interrompido o fornecimento, complicando a produção e até paralisando fábricas. A Volkswagen foi para a briga mundial. Encerrou o relacionamento e está indo, diretamente ou por anúncios em jornais, aos ´subfornecedores dos fornecedores´, avisando querer comprar partes diretamente. Quer livrar-se do unificado controle externo. Partes afetadas são componentes externos da transmissão e bancos.

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Caterham olha para trás >> Pouco conhecida, sem representante no Brasil, a inglesa Caterham aplicou algum desenvolvimento à fórmula aviada por Sir Anthony Bruce Colin Chapman, o criador da Lotus e da base da receita, o Lotus Seven (1957-1973). Segredo do pequeno roadster é a regra de Chapman: resistência é o último ponto antes da ruptura e, daí, a fórmula de seus produtos ter baixo peso e elevada performance.

Caterham, série nova volta ao passado
Caterham, série nova volta ao passado

Quando a Lotus iria descontinuá-lo em 1973, a Caterham adquiriu direitos e manteve a produção. Em 2017 inicia comemorar 60 anos do icônico “7”, ainda fiel à origem nestes tempos onde mão de obra artesanal, costuras feitas à mão, conceitos antigos, ainda têm lugar ante a atividade pasteurizada, sem emoção, no fazer automóveis sob regras de globalização, produtividade, ecologia e aerodinâmica. Evoluiu andando pra trás. Tomou como base os modelos de origem, aplicou-se a rever e influir no produto atual. Começou pelo motor que era Ford Anglia 1.100 cm³, no Brasil fabricado fugazmente sob o nome de Ford Endura 1.300. Substituiu por Suzuki tricilíndrco, 1.000 cm³, aspirado, 80 cv. Vale a Teoria de Chapman: pesa menos de 500 kg. Faz 0 a 100 km/h em 6,5 segundos e acaba a brincadeira em 200 km/h. Na busca pela identidade visual com o modelo de origem, para-lamas frontais mais estreitos; pneus mais finos; rodas em chapa, calotas cromadas, simplificou a relojoaria do painel por design de época, idem para volante e estofamento.

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Fará apenas 60 unidades, já vendidas na apresentação no Goodwood Revival, circuito de Donnington Park, Inglaterra, recentemente. O charme custa caro. Na Inglaterra, cerca de 28 mil Libras, aproximados R$ 123 mil. Não virá ao Brasil.

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Lapo, herdeiro FCA, junta-se à Pagani >> Marca italiana criada pelo argentino Horácio Pagani, um dos automóveis mais velozes, caros e exclusivos do mundo, recebeu aporte institucional importante: Lapo Elkan, irmão de John, presidente da FCA (Fiat Chrysler Automobile) e um dos três herdeiros principais do negócio, personalizará os Pagani, começando pelo Huayra. Criativo, controverso, personagem da moda, visto como brilhante em marketing e promoções, foi dele o projeto de lançamento do Fiat 500, na verdade o relançamento da marca Fiat. Um dos seus negócios é a Garage Italia Customs, nada de simplória oficina de consertar automóveis, mas empresa de personalização de Ferrari, Maserati, Alfa Romeo e Abarth, marcas sob o guarda- chuva FCA. A Pagani é a primeira extra FCA. O argentino Horacio recebeu Lapo e equipe em Milão, onde está a Pagani, disponibilizando um monocoque em fibra de carbono, a estrutura do automóvel pintada superficialmente para fotos e avaliações de volumetria, e início de propostas.

Lapo (à esquerda), Pagani, e o monocoque do Huayra
Lapo (à esquerda), Pagani, e o monocoque do Huayra

PERSONALIZAÇÃO? >> O que faz o herdeiro de tanta fortuna num negócio aparentemente pequeno? Não é coisa restrita. Segundo explicou à agência noticiosa Ansa, o mundo da personalização é negócio de 93 bilhões de Euros ao ano, e a empresa do mais novo dos Elkan se fixou na indústria do movimento: bicicletas, motos, automóveis, helicópteros e aviões. Ponto de união dos reconhecidos talentos de artesãos italianos e de fornecedores de gama elevado, como freios Brembo, pneus Pirelli, Sabelt e outros do mesmo nível para agregar excelência aos projetos. É um passo para aquisição do negócio? Para entrada do trisneto do fundador da Fiat no ramo de veículos esportivos de sua predileção? Quem sabe…?

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RODA-A-RODA

FORD – Imprensa insiste que a Ford encerrou projeto de nova família de carros de entrada. Sendo, má notícia. Significa, o novo presidente da companhia chegou para cortar custos, equilibrar números, fazer lucro. Bom como projeto de sobrevivência, ruim para a firma, revendedores e mercado sem renovação de produtos nos próximos anos.

VIRÁ – Fonte da Toyota confirmou lançamento do Inova pela operação Argentina. Trata-se de uma van para sete lugares, construída sobre arquitetura mecânica da picape Hilux e SW4. Vizinha Toyota será nova base de produção e exportação de utilitários para a América Latina, antes cumprida pela Tailândia. Definição mudou o norte da TdA, e Brasil deixou de ser mercado definidor.

NOVIDADE – Hyundai do Brasil – a coreana de Piracicaba (SP), não a paraibana do norte, em Anápolis (GO), anunciou novo produto, o Creta. Trata-se de utilitário esportivo com plataforma própria, de dimensões superiores ao HB20 aqui produzido, entretanto, mecânica comum: motor 1.6 flex e transmissão automática.

Creta, SUV Hyundai: surpresa que já estará no Salão de São Paulo
Creta, SUV Hyundai: surpresa que já estará no Salão de São Paulo

MAIS – Significado amplo, indica, em breve o sedã Elantra poderá aparecer na mesma linha de montagem, pois dividem a plataforma. Creta estará no Salão do Automóvel em novembro próximo. Mercado para SUVs dominará as vendas.

CHARME – Não tem a pretensão de disputar com Paris ou Frankfurt a alternatividade do maior salão de automóveis da Europa. Mas parece mirar sobre o da gélida Genebra, na Suíça. É o SIAM Monaco, salão de automóveis, no charmoso balneário.

RAZÕES – Proteção do Príncipe Albert, patrocínio da Michelin e empresas francesas. Quer misturar ecologia, inovações, tecnologia, e o charme da cidade e suas atrações com test-drives, por exemplo, a partir do porto Albert I, pelo Forum Grimaldi, Praça do Cassino, Espaço Fontevieille, praça do Palácio…

E…? – Atrações de indústria e, possivelmente, carros do Museu de Mônaco entre antigos e de corridas. Pretende superar 100 mil visitantes. Anote a data: 16 a 19 fevereiro. Antigomobilista indo à Rétromobile em Paris, 8 a 12, pode esticar o programa. Mais informações? Acesse www.salonautomonaco.com Pode não ser o rei dos shows, mas será o Salão do Príncipe…

LÍDER – BMW lidera vendas de motos acima de 500 cm³ de cilindrada, marcando 18,77% das preferências. No período entregou 4.620 motos entre R 1200GS, GS Adventure; F 800 GS e Adventure; S 1000RR e 1000XR.

MAIS – Anunciou montar novo modelo, a F-700 GS, enquadrando-a como ´Big Trail Premium´

a R$ 39.950. Diz oferecer mix de versatilidade no asfalto, conteúdo tecnológico, dirigibilidade em uso misto, e conquistar clientes com menor altura, pois o banco fica a 82 cm do solo, distância levemente inferior à da irmã de linha, a GS 800. Motor comum às duas: 2 cilindros, 75 cv, torque de 7,7 kgf.m, transmissão de seis velocidades, freios a disco com ABS nas duas rodas.

OUTRA – Mercado bom e rentável para motos maiores, outra montadora de motos, a Triumph, após versões da Tiger Explorer XR e XCx, apresenta a Xca com pacote superior em refinamento mecânico, eletrônica, acessórios. Tricilíndrica,1.215 cm³, 139 cv e 12,7 kgf.m de torque. Preço: R$ 78.500

ECOLOGIA – Grupo BMW – automóveis, motos, carros Mini e Rolls-Royce – foi novamente indicado como o grupo automotivo mais sustentável do mundo pelo índice Dow Jones. Boa láurea na comemoração dos 100 anos. Segredo está em envolver-se no processo e não apenas no tratamento de resíduos, policiando, por exemplo, as práticas de seus 1.900 fornecedores.

MUSEU – Único dos 15 exemplares do mítico MB C 111, mais conhecido sonho esportivo dos anos ´70/80, deixará a América do Sul. Estava cedido ao Museu Fangio, em Balcarce, Argentina, e voltará à Alemanha por razões desconhecidas.

PB – Coluna 3716 em nota sobre o ´Pebble Beach Concours d’Élegance´, mais referencial evento antigomobilístico, informou ser próxima edição aos 20 de agosto. Por desnecessário não indicou ser em 2017. Atentos leitores cobraram.

GENTE – José Luiz Vieira, engenheiro, jornalista, 84 anos, atento. Fez parceria em sua revista Carga e Transporte com colegas Ivo Matos e Monise Radau. No setor há, acredite, 60 anos, JLV continuará editando seu blog sobre veículos e tecnologia, o TechTalk. OOOO Alex Pacheco, engenheiro, promoção. VP da Johnson Controls para Brasil e Cone Sul. Rodrigo Moreira, administrador será diretor-geral aftermarket Brasil. Dentre negócios da empresa estão baterias Heliar. OOOO Fernando Miragaya, carioca, jornalista, crescimento. Coordenará sucursal RJ do paulistano Diário Comércio e Indústria. DCI dedicará duas páginas diárias aos fatos econômicos cariocas. Antes se aplicava a temas automobilísticos em “O Globo”. OOOO (Os artigos assinados por colaboradores são de inteira responsabilidade dos seus autores. A editoria geral desse veículo, necessariamente, não concorda com as opiniões aqui expressas. Texto desta coluna: Roberto Nasser)